
22 de junho de 2020 | 11h43
A Cibra Fertilizantes investirá US$ 80 milhões para surfar no mercado crescente de adubos. Vai ampliar a estrutura e atrair clientes por meio do e-commerce, tendência também no setor de insumos agrícolas. Hoje tem uma unidade de produção, nove misturadoras e um centro de distribuição. “São diversos projetos de ampliação - as obras começam no ano que vem - e temos buscado locais para construção ou adquirir plantas já existentes”, conta Santiago Franco, CEO da Cibra.
A maior capacidade dará condições à empresa de atingir até 3 milhões de toneladas de adubos entregues no Brasil em cinco anos. Para 2020, a projeção é de 1,7 milhão de toneladas. De janeiro a maio, a Cibra entregou 50% mais, enquanto o mercado cresceu 8% a 9%, segundo Franco. O executivo espera que a participação no mercado, de 5%, chegue a 10% em cinco anos. A Cibra prevê faturar ao menos R$ 2,5 bilhões em 2020.
Um dos projetos já está em vigor: uma loja online, de olho nos pequenos e médios produtores. A companhia chegou a criar uma startup para concretizar a ideia. “A expectativa de ampliar nossa base de clientes é grande”, diz Franco. A expansão física da Cibra se dará no Estado de São Paulo, onde ainda não atua, e no Norte/Nordeste - no Tocantins e no Maranhão, onde atua, mas ainda tem pouca presença.
O principal produto para tentar ganhar mercado será um novo fertilizante, Poly4, misto de potássio, cálcio, magnésio e enxofre, que sairá da planta química da Anglo American em construção na Inglaterra. A mineradora britânica detém 30% de participação na Cibra, controlada pela norte-americana Ominex, do Texas. A Anglo aposta na Cibra para garantir vendas de 25% do Poly4. O produto deve chegar ao Brasil em até dois anos.
Bancos privados não se animaram com a possibilidade de conceder crédito rural com taxas subsidiadas, trazida com a Lei 13.986. “Não preciso de subsídio com Selic a 2,25%. Por que aceitaria mais controle do governo se posso oferecer praticamente a mesma taxa e operar como quiser?”, resume uma fonte do setor. Outro interlocutor acrescenta que, “além de se submeter a mais regras, as instituições teriam de fazer mais investimentos”.
O Grupo Mantiqueira, maior produtor de ovos do País, vai aplicar R$ 50 milhões este ano em “granjas 4.0”, com tecnologias voltadas a tendências inovadoras na criação comercial, que privilegiam o bem-estar animal. Quem conta é Leandro Pinto, presidente do grupo. “Para o ano que vem, aplicaremos mais R$ 50 milhões nessa linha”, diz. As granjas estão em Lorena e Cabrália Paulista (SP).
Mas o isolamento social, imposto pela covid-19, atrasou por 60 dias as obras tocadas pela Mantiqueira. Já as vendas de ovos surpreenderam, diz Pinto. “Houve uma explosão de consumo da segunda quinzena de março até a primeira de abril, pois o ovo é uma proteína barata e que não depende de refrigeração”, diz. “Agora, o consumo voltou ao normal.” A produção do grupo deve crescer 4% em 2020, para 2,5 bilhões de ovos.
A Perfect Flight, startup de monitoramento e gestão de pulverização aérea, está indo de vento em popa. Até o fim da safra 2019/2020, a plataforma deve processar o dobro da área do ciclo passado, com 4,5 milhões de hectares monitorados. O faturamento deve crescer entre 35% e 40%, para cerca de R$ 4 milhões. “O produtor vê no software um aliado para fazer a melhor aplicação dos insumos, sem desperdício”, explica Leonardo Luvezuti, diretor de negócios da empresa. Focada em grãos, fibra e cana-de-açúcar, a agtech atende a grandes do setor como SLC Agrícola, Raízen e Tereos.
Para a safra 2020/2021, que começa no mês que vem, a Perfect Flight estima cobertura de 8 milhões de hectares e receita de R$ 7,5 milhões. O incremento virá de operações de monitoramento em tempo real e pulverização localizada por drones. Em 2021, a empresa deve começar a vender para os Estados Unidos e mercados da América Latina.
A demanda por frete rodoviário do agro subiu 8,2% de janeiro a maio ante igual período de 2019, ante incremento de 5,3% vindos da indústria e varejo, aponta o Índice de Frete e Pedágio Repom (IFPR), da empresa de soluções para gestão de frotas Repom, pertencente ao grupo Edenred Brasil. Só em maio, o crescimento no agro chega a 21,2%, enquanto indústria e varejo, mais afetados pela pandemia, tiveram recuo de 4,6%.
O diretor de Mercado Rodoviário da Edenred Brasil, Thomas Gautier, avalia que o agronegócio vem de um cenário sólido, com safra de verão robusta, estabilidade logística e exportação de grãos aquecida. “Esses fatores possibilitaram que o frete continuasse forte no segmento”, diz. O levantamento analisou 1,5 milhão de viagens de janeiro a maio deste ano.
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.