Acooperativa Capal, que atua no Paraná e em São Paulo, revisou para cima sua expectativa de crescimento no ano após encerrar o primeiro semestre com receita 42% maior. A projeção agora é avançar mais de 30% em faturamento, ante 22% previstos inicialmente. O dólar forte ajudou nos resultados da primeira etapa do ano, quando se concentra a comercialização da safra de verão. As cotações dos grãos ficaram mais atrativas em reais e as vendas se aceleraram. “Os preços de soja e milho foram muito bons”, diz Adilson Fuga, presidente executivo da Capal. A cooperativa recebeu volume 19% maior da oleaginosa este ano, ou 366 mil toneladas, e já tem 97% da safra 2019/2020 vendida. Para a safra de inverno, em especial trigo, cevada e aveia, a cooperativa prevê receber a partir de setembro 20% mais grãos que em 2019. “Se as cotações do trigo permanecerem nos patamares que estão hoje, existe a possibilidade de o faturamento ficar próximo de R$ 2 bilhões”, estima ele.
Entra na conta
A Capal já observa o retorno dos R$ 40 milhões aplicados este ano na aquisição e modernização de unidade de beneficiamento de sementes em Wenceslau Braz (PR). Deve fechar 2020 com produção de sementes de 200 mil a 250 mil sacas de 40 kg, mas projeta chegar a 600 mil sacas em 2021. A Capal também deve iniciar, entre o fim do ano e o começo de 2021, a construção de duas lojas de insumos, em Santo Antônio da Platina e Santana do Itararé (PR).
Café no bule
Com a impossibilidade de uma assembleia geral extraordinária devido à pandemia de covid-19, as cafeeiras adquiridas no ano passado em Pinhalão (PR) ainda não puderam ser incorporadas aos ativos da cooperativa. Contudo, a unidade comercial exportadora de café verde já opera como Capal para venda de produtos. No caso da torrefadora, aguarda o selo da Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic) para trocar embalagens e lançar cafés torrados e moídos. Fuga prevê vendas de café de até R$ 80 milhões no 2.º semestre.
Sustentável
A expectativa de que o Ministério de Minas e Energia defina, enfim, a meta de emissões dos créditos de descarbonização, os Cbios, fez disparar o registro desses papéis na B3, onde o número de títulos registrados passou de 1,2 milhão em junho para 6,1 milhões na sexta-feira. O fato de que usinas de etanol e de biodiesel já começam a negociar os papéis estimula as operações, diz Caroline Perestrelo, superintendente executiva do segmento Corporate para o Agro do Santander, que lidera escriturações de Cbios, com 77% do total.
Certificado
A questão da sustentabilidade no agro tem gerado outras oportunidades. O sistema TrustScore, desenvolvido pela Ceptis Agro em parceria com a Rede ILPF (Integração Lavoura-Pecuária-Floresta), será adotado a partir de 23 de setembro em 170 fazendas do País. A ferramenta mensura o nível de atendimento da propriedade quanto aos padrões de sustentabilidade. “Até hoje havia certificação tradicional ou autodeclaração; a tecnologia traz automatização e maior confiança a esse processo”, diz Philippe Ryser, CEO da empresa.
Dá aval
A Ceptis pretende chegar a 3,2 mil fazendas até o fim do ano e a 250 mil propriedades em dez anos. Ryser conta que, para dar a nota de sustentabilidade das lavouras, a tecnologia avalia 121 critérios com base nas práticas de manejo e índices socioeconômicos. Ele acredita que, com a certificação independente do sistema, produtores obterão crédito a taxa menor.
Sem pressa
Entidades do agro estão preocupadas com os efeitos da proposta de emenda constitucional 45/2019, a principal referente à reforma tributária em discussão no Congresso. “Vai desonerar iPhone e onerar cesta básica”, diz uma fonte, sobre a ideia de imposto único, de 25%. O setor prepara estudos para contestar pontos do texto e torce para que o debate vá até 2021. Para a fonte, se for prolongado até lá, a cadeia de alimentos e exportadores conseguirá aprovar “uma boa reforma”.
Alto lá
A fonte rebate argumento de que países com tributo único não têm alíquotas diferenciadas, como dizem os defensores da PEC. Ela lembra que França, Itália e Espanha adotam imposto simplificado para a maior parte dos produtos e, ainda assim, contam com alíquotas reduzidas para determinados setores. “A PEC 110, que está no Senado, é a mais palatável para o agro, porque prevê tributos diferenciados para alimentos”, afirma.
Céu de brigadeiro
A holandesa Koppert comemora o crescimento da demanda por insumos sustentáveis no Brasil, prevendo receita 40% maior em defensivos biológicos, para R$ 210 milhões este ano. A aposta é um novo biofungicida para soja, com investimentos de R$ 2 milhões. “Esperamos vender entre R$ 10 milhões e R$ 15 milhões do Trianum na safra 2020/21”, diz Gustavo Herrmann, diretor comercial da Koppert. A empresa detém 28% do mercado de defensivos biológicos no Brasil.
Retorno garantido
O investimento da Koppert no Brasil e na Argentina nos próximos cinco anos será de R$ 25 milhões. Os recursos vão para pesquisa e desenvolvimento de produtos, manutenção e modernização das fábricas, além de novas aquisições. Nos últimos sete anos, a companhia incorporou cinco empresas à sua operação regional. “Os investimentos serão dedicados, principalmente, às áreas de produção de macrobiológicos”, conta.