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Notícias do mundo do agronegócio

Fintechs e corretoras dão forte impulso aos CRAs 

Até julho, novas emissões atingiram R$ 8 bilhões e podem beirar R$ 20 bilhões em dezembro, prevê Maurício Visconti, presidente da Associação Brasileira de Securitizadoras Imobiliárias e do Agronegócio (ABSIA)

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Por Clarice Couto e Leticia Pakulski
Atualização:

O mercado de Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) passa por forte expansão e deve fechar 2020 com um volume quase 50% superior ao do ano passado. Até julho, novas emissões atingiram R$ 8 bilhões e podem beirar R$ 20 bilhões em dezembro, prevê Maurício Visconti, presidente da Associação Brasileira de Securitizadoras Imobiliárias e do Agronegócio (ABSIA). Com isso, o estoque ao fim de 2020 (montante emitido e não liquidado) se aproximaria de R$ 63 bilhões. Entre 2018 e 2019, o incremento foi bem menor, de 19%. O novo cenário de crédito no País impulsiona os CRAs. A Selic baixa (2,25% ao ano) faz investidores buscarem papéis mais remuneradores. E houve expansão de fintechs e plataformas online de corretoras entre investidores pessoa física, ocupando espaço dos bancos tradicionais. 

Agronegócio Foto: BRAZILIAN SUGAR CANE ASSOCIATION/NYT–7/10/2014

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Mais simples...

“Mais corretoras estão oferecendo CRAs por demanda dos clientes”, diz Visconti. “Quem aplicava com bancos está tendo oportunidade de investir no mercado financeiro.” Ele explica que muitas pessoas que experimentam novos papéis sentem-se mais “confortáveis” em aplicar em CRAs, de renda fixa, do que em ações em bolsa, cujo resultado é variável. As emissões mais recentes remuneraram, em média, o IPCA (índice de inflação) mais cerca de 5%, ou CDI (que acompanha Selic) mais 3% a 4%. Alguns CRAs são restritos a investidores profissionais.

...e relevante

O peso dos certificados do agronegócio no financiamento do setor cresce a cada ano. Girava em torno de 12% em 2018, subiu para 15% em 2019 e deve alcançar 18% em 2020, conta Visconti. A nova Lei do Agro, aprovada em abril, trouxe maior segurança a investidores. Estabeleceu, entre outros pontos, que o registro da CPR, título necessário na emissão de alguns CRAs, ocorra em uma plataforma online a partir de 2021, no lugar de cartórios.

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Expresso Oriente

A Frimesa, que reúne as cooperativas Copagril, Lar, C.Vale, Copacol e Primato, todas do Paraná, está empolgada com os efeitos da demanda chinesa por carne suína. Mesmo sem exportar ao país asiático, a empresa se viu beneficiada. “Os preços em outros mercados também subiram e isso teve um efeito positivo para toda a cadeia”, diz Elias Zydek, diretor executivo da cooperativa. A Frimesa tem 22% de sua receita nas exportações. Atende 14 países, principalmente na Ásia, e tentará habilitar uma unidade para a China. Para este ano prevê faturamento de R$ 4 bilhões, ou 25% mais.

Cresce

Várias obras estão em andamento para aumentar a produção. Em Medianeira, a Frimesa aplicou R$ 40 milhões para chegar a 1 mil toneladas de produtos fatiados por dia, ante as 700 toneladas atuais. Já a unidade de Marechal Cândido Rondon recebeu R$ 20 milhões para elevar a capacidade de abate de suínos de 1,2 mil para 1,5 mil cabeças/dia. Ainda serão aportados mais R$ 20 milhões a fim de crescer a produção de leite de 800 mil litros/dia para 1 milhão de litros/dia. Por fim, um novo frigorífico deve estar concluído em 2022 em Assis Chateaubriand, com investimento de R$ 1,05 bilhão. 

Bons ventos

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A super safra de grãos em 2019/2020 e os altos preços das commodities turbinam os resultados da indústria de silos-bolsa. A Marcher Brasil, que produz equipamentos para essas estruturas, viu suas vendas subirem 30% no primeiro semestre. Os silos-bolsas são portáteis e custam menos que os depósitos de grãos metálicos e fixos.

Faz caber

Myriam Bado, diretora-geral da Marcher, diz que, com a suspensão de feiras agropecuárias, a empresa decidiu lançar de forma online versão de um de seus principais produtos, uma embolsadora de grãos. Ela lembra que agricultores venderam com antecedência boa parte da produção, para entregar ao longo dos meses. Como estão com armazéns cheios, aumentou a necessidade de investir nos silos-bolsa. Exportações aquecidas de carnes também contribuem, pois implicam maior volume de grãos e silagem a serem estocados para alimentar o gado e suínos.

Online e orgânico

A pandemia da covid-19 deixou consumidores mais preocupados com qualidade de vida e segurança, estimulando as vendas de orgânicos pela internet. Eduardo Fregonese, CEO da Synapcom, do ramo de full commerce (soluções para empresas de comércio eletrônico), conta que a comercialização online desses produtos cresceu 454% em março em relação a fevereiro. Continuou subindo em abril, 145% acima de março, maio (+120%) e junho (+125%). Os itens mais buscados foram granola, feijão carioca e tapioca. 

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