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Safra de 2022 deve registrar recorde de produção puxada pelo milho

Primeira projeção do IBGE para o ano que vem considera que a colheita de grãos vai atingir 270,7 milhões de toneladas, 7,8% acima de 2021

Por Bruno Villas Boas
Atualização:

RIO - Puxada pela produção de milho, a safra de grãos de 2022 deverá ser recorde, aponta estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgada nesta quinta-feira, 11. O primeiro prognóstico para o ano que vem aponta para uma produção de 270,7 milhões de toneladas, 7,8% acima de 2021, ou 19,5 milhão de toneladas a mais. Se confirmada, a safra vai superar a registrada em 2020, de 254,1 milhões de toneladas, atual recorde.

De acordo com o IBGE, a produção de soja, cuja safra já foi plantada, pode alcançar 135,2 milhões de toneladas em 2022, 0,8% acima de 2021, registrando mais um recorde. O milho de primeira safra somará produção de 28,7 milhões de toneladas em 2022, alta de 11,1% na comparação a 2021. E o de segunda safra, por sua vez, deverá registrar incremento de 26,8% na produção no ano que vem, para 77,2 milhões de toneladas. 

Além da questão climática, os preços das commodities agrícolas como milho, soja e trigo estão altos e são ajudados ainda pela valorização do dólar Foto: Germano Rorato/ Estadão - 24/8/2018

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“As condições climáticas estavam favoráveis na época em que os produtores começaram o plantio de soja, em outubro. Choveu como deveria. Como não houve atraso, a perspectiva é que o plantio do milho segunda safra, que ocorre logo após a colheita da soja, aconteça no prazo certinho, antes do período da seca”, disse o gerente do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola do IBGE, Alfredo Guedes. “No ano passado houve atraso no início do plantio, o que afetou bastante a produção de milho.”

Além da questão climática, os preços das commodities agrícolas como milho, soja e trigo estão altos e são ajudados ainda pela valorização do dólar. Esse pano de fundo econômico fez com que os produtores aumentassem o plantio e investissem mais nessas lavouras. “Tem sido assim há mais de um ano, tanto internamente no Brasil quanto no exterior. Os custos de produção, claro, também acabam ficando mais elevados”, disse.

A produção nacional de arroz deverá recuar 3,9% em 2022, para 11,1 milhões de toneladas. Segundo o IBGE, a queda é explicada por uma base de comparação alta. As lavouras da Região Sul foram beneficiadas pelo clima nos dois últimos anos, o que proporcionou recordes de produtividade. Apesar da queda, a produção seria suficiente para abastecer o mercado interno. “É uma safra ainda muito boa e atende à nossa demanda interna”, afirmou Guedes.

A produção de arroz é concentrada no Sul do País e a tendência é que a cultura esteja completamente colhida até março. Uma parcela da produção acaba exportada, incentivada pelo câmbio. O governo zerou o imposto de importação para o arroz, o que contribuiu para controlar os preços.Nos 12 meses encerrados em outubro, o preço do arroz acumula queda de 3,15% pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

O IBGE também divulgou sua projeção para o algodão herbáceo, de 6 milhões de toneladas, 2,4% acima de 2021. A recuperação dos preços da pluma e o aumento da demanda internacional devem incentivar os produtores a aumentarem a área cultivada. Já a primeira safra de feijão deverá somar 1,2 milhão de toneladas, 6,9% acima da deste ano. A segunda safra, com 1,1 milhão de toneladas, deverá ficar 9,8% acima de igual safra deste ano. A terceira safra da leguminosa, por sua vez, deve recuar 0,9% em relação a 2021, para 590,1 mil toneladas.

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Com a colheita deste ano praticamente terminada, o IBGE estimou a produção da safra 2021 em 251,2 milhões de toneladas, 1,2% menor do que a de 2020, de acordo com o levantamento de outubro. A estimativa da área a ser colhida em 2021 é de 68,5 milhões de hectares, alta de 4,6% frente a 2020. O encerramento da safra depende, basicamente, da colheita do trigo no Rio Grande do Sul.

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