Além dos programas de demissão voluntária (PDVs), as montadoras têm quase 12 mil trabalhadores afastados em férias coletivas, banco de horas e lay-off (suspensão temporária dos contratos de trabalho). O cenário para os próximos meses não é animador e pode se complicar com a recente decisão do governo de reduzir o benefício da desoneração da folha de pagamentos das empresas.
Em 2014, a produção de veículos caiu 15,3% em relação ao ano anterior. Em janeiro, a queda foi de 13,7% ante o mesmo mês do ano passado.
Só a Marcopolo, fabricante de ônibus, tem todos os seus 6 mil funcionários em férias nas duas fábricas de Caxias do Sul (RS) com retorno para amanhã. Os trabalhadores já aprovaram proposta da empresa de parar a produção até seis dias por mês entre março e maio.
A Agrale, que produz caminhões, chassi para ônibus e tratores e emprega 1,6 mil pessoas, vai operar quatro dias por semana nas três unidades de Caxias do Sul entre este mês e maio.
O Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo realizou, no primeiro bimestre, 2.563 homologações de trabalhadores, 62,6% a mais que no mesmo período de 2014.
"Na região de Campinas, o setor de autopeças foi o segundo com maior número de demissões em 2014, atrás do de eletroeletrônicos, e os cortes seguem neste ano", diz Sidalino Orsi Júnior, presidente do sindicato dos metalúrgicos local. Ao todo, a entidade registrou 27 mil demissões, das quais 4,6 mil foram nas autopeças, entre as quais Bosch e Eaton. Houve 21 mil contratações, o que dá um saldo negativo de 6 mil postos.
Levando-se em conta toda a cadeia automotiva, que inclui, por exemplo, fabricantes de aço, plásticos e químicos, o impacto é bem maior.
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C.S.