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2,2 milhões de vagas de emprego sumiram em um ano

Em setembro, taxa de desemprego no País era de 11,8%, com 12 milhões de desempregados; para analistas, fundo do poço ainda está longe

Por Daniela Amorim (Broadcast)
Atualização:

RIO - O mercado de trabalho voltou a piorar no terceiro trimestre do ano. Em relação ao segundo trimestre, 963 mil pessoas perderam seus empregos, elevando para 12 milhões o número de desempregados. Na análise mais detalhada, identifica-se que foram extintos 2,255 milhões de postos no período de um ano, o pior resultado da série dentro da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), iniciada em 2012. A taxa de desemprego no País manteve-se em 11,8%, também o maior patamar registrado. Para os analistas, o fundo do poço pode ainda estar longe.

As micro e pequenas empresas, responsáveis por 54% do estoque de 17,1 milhões de empregos com carteira assinada no Brasil, fecharam o ano de 2016 com um saldo negativo de 281 mil vagas Foto: Estadão

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“A indústria já devia estar ligando as turbinas para atender às demandas do fim do ano. Isso não aconteceu”, disse Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE. Somente a indústria fechou 1,301 milhão de postos de trabalho no período de um ano. Houve demissão de funcionários mesmo na comparação com o segundo trimestre de 2016: foram 84 mil vagas cortadas, queda de 0,7% no total de ocupados na atividade.

O resultado contraria uma tendência sazonal de geração de postos de trabalho nessa época do ano e poderia ter sido ainda mais grave não fosse a desistência de um número expressivo de pessoas em integrar a força de trabalho. A população inativa também é recorde: são 64,642 milhões.

Num momento em que a taxa de desemprego se mantém no maior patamar já detectado pela pesquisa, a alta da inatividade indica desalento, quando pessoas desistem de procurar emprego porque acreditam que não conseguirão uma vaga.

“A pessoa acha que não vai conseguir trabalho, dado esse mercado saturado, e ela acaba se afastando da força”, reconheceu Azeredo.

O contingente de inativos aumentou em 1,2 milhão de pessoas em relação ao terceiro trimestre de 2015. Na comparação com o segundo trimestre do ano, 756 mil pessoas optaram por deixar a força de trabalho.

Os dados indicam que a taxa de desemprego ainda aumentará até atingir o ápice de 12,3% no fim do primeiro trimestre de 2017, previu o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito. Ele argumenta que não deve haver estímulos no curto prazo, já que o governo trabalha pela aprovação da PEC 241 (Proposta de Emenda à Constituição que determina um teto para os gastos públicos) e não há expectativa de queda de juros forte até lá.

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“Esse Natal deve ser pior do que o do ano passado, por isso as contratações do fim do ano não devem impactar a taxa de desemprego. Talvez uma redução bem pequena, de 11,8% para 11, 6%”, considerou Perfeito. / COLABORARAM THAÍS BARCELLOS e MARIA REGINA SILVA

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