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2016 é ‘para ser esquecido’, diz representante do agronegócio

Para Luiz Carvalho, da Abag, apesar de queda do PIB agropecuário em 2016, este ano será positivo

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Carvalho, da Abag: este ano País terá recorde de produção de grãos e perspectivas são boas Foto: Felipe Rau/Estadão

O presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Luiz Carlos Corrêa Carvalho, afirmou, em entrevista ao Broadcast Agro, sistema de notícias em tempo real do agronegócio da Agência Estado, que o resultado do Produto Interno Bruto Brasileiro (PIB) no ano passado - com quedas de 3,6% no geral e de 6,6% na agropecuária - mostra que 2016 "é um ano para ser esquecido".

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No entanto, segundo ele, o cenário para 2017 é de um resultado positivo, já demonstrado no crescimento de 1% no PIB do setor no último trimestre do ano passado. Carvalho atribuiu à seca durante o ano passado o fator principal para a queda do PIB agropecuário, mas salientou que a estimativa de uma safra recorde este ano deve contribuir para o desempenho positivo do setor em 2017. No entanto, na avaliação do presidente da Abag, a logística para o escoamento da safra ainda continua como "calcanhar de Aquiles" da agropecuária brasileira e pode frear o crescimento no PIB este ano.

Como você avalia o resultado do PIB Brasileiro de 2016, e, especialmente, da agropecuária, que recuou 6,6% no ano?

O resultado foi muito ruim do ponto de vista do PIB da agropecuária e tem muito a ver com problemas de seca, com quebra da produção muito grande, seja na safra de verão, seja na safrinha (de inverno). Além disso, tivemos exportações que foram positivas na balança comercial, como do milho, mas que oneraram as carnes no mercado interno e evitaram uma expansão do mercado interno. Em resumo, 2016 é um ano para ser esquecido.

A alta de 1% no último trimestre do PIB da agropecuária mostra expectativa para 2017 é de recuperação?

Sim. As commodities ainda têm preços sustentados e a expectativa é que será ano bom, com recorde de produção de grãos. Alguns setores que enfrentavam dificuldades melhoraram e seguirão bem, como laranja, café, e madeira (celulose) e cana. Sinto que 2017 será um ano positivo.

Na semana passada, o noticiário foi recheado com os problemas na BR-163, o que prejudica o escoamento de grãos da atual safra. A logística continua como o maior problema do agronegócio brasileiro e ainda pode provocar impacto negativo no resultado do PIB deste ano?

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A logística é um calcanhar-de-Aquiles. O que aconteceu mostra claramente que os gargalos logísticos continuam. A logística de 1980 e a logística agora na mesma estrada são as mesmas. Não aconteceu nada. A logística é a prioridade número um e toda perda vai, obviamente, roubar um pedaço de PIB deste ano.

Com os recursos públicos limitados, há uma linha de pensamento, na qual estão inclusos o ministro Blairo Maggi e o ex-ministro Roberto Rodrigues, de que o crédito agrícola subsidiado e barato seja repensado e reduzido. Qual a sua opinião a respeito?

O momento é delicado, o endividamento de empresas é um freio à expansão e à melhoria da produtividade. Há um encaminhamento de uma participação maior do setor privado no fomento ao crédito, via relacionamento comercial das empresas compradoras. Isso melhora muito a disponibilidade de crédito, mas acho que não é o sintoma mais importante do buraco do Brasil. O problema é a falta de um seguro rural de renda. No mundo, toda agricultura é suportada e, aqui, a ausência desse seguro é suprida pelo crédito (subsidiado). Tirar esse crédito é ainda algo ainda ser pensado sem que haja um seguro de renda. Portanto, não é possível tirá-lo de uma vez.

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