O ano de 2022 é para celebrar. Pela nona vez consecutiva desde 1989, as eleições gerais irão confirmar, fortalecer e consolidar a democracia brasileira. A escolha popular para presidente da República, governadores, senadores, deputados federais e estaduais é também uma oportunidade para o País abraçar a ideia de se formar um consenso pelo crescimento econômico e pela redução da desigualdade social. Uma agenda simples em torno desses dois pontos está acima de ideologias, programas partidários e opiniões pessoais, mesmo no calor da campanha eleitoral.
A premissa é que, não importam classe social, raça ou gênero, todos os seres humanos têm direitos estabelecidos na democracia moderna. A Constituição de 1988 recebeu a denominação de Constituição Cidadã porque subscreve e garante esses direitos.
Entre a nossa Constituição e a realidade social brasileira, porém, há uma longa distância. E a razão desse vácuo tem natureza objetiva: não crescemos o necessário para que todos tenham emprego, saúde, educação e segurança. Não geramos riqueza suficiente para oferecer oportunidades de evolução pessoal ou o suprimento das necessidades básicas da população.
Quem passa pelas ruas de nossas principais cidades verifica que a pandemia de covid-19 agravou nossos problemas.
A retomada do crescimento, com controle da inflação e recuperação do equilíbrio fiscal, é a forma de reduzir a desigualdade social com consistência e sustentabilidade. É esse o desafio central da nova agenda do País. O enfrentamento dessa questão tem engenharia complexa e por isso depende de um grande acordo nacional.
A urgência social deve se sobrepor à rinha eleitoral. O Brasil dá indicações crescentes de estar maduro politicamente para costurar esse acordo.
Temos grupos organizados na sociedade, e nenhum é majoritário. Esse perfil mostra que temos de trabalhar tempestivamente por acordos e alianças em torno de consensos.
O contrário representa cenário de polarização e radicalização. Em clima de medo, não se constrói um futuro melhor.
A criação do Auxílio Brasil é um exemplo de que é possível confrontar a desigualdade por meio de um consenso pragmático. Esse programa de transferência de renda contou com votos de todos os partidos. Temos instituições fortes e cidadãos ativos, adultos e bem informados. É possível realizar esse sonho.
*PRESIDENTE DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO DO BRADESCO