
12 de novembro de 2020 | 22h19
A 3R Petroleum estreou nesta quinta-feira, 12, na B3, a Bolsa paulista, arrecadando R$ 690 milhões para financiar seu modelo de negócio: a compra de campos de petróleo maduros – como são denominadas as fontes que já atingiram o pico de produção e agora estão em fase de declínio – que a Petrobrás colocou à venda em seu plano de desinvestimento.
Além de provar a premissa de seu plano de negócios – que essas fontes ainda podem ser atrativas –, a companhia também entra no mercado em um momento em que os investidores parecem mais interessados em energia limpa. A nova 3R Petroleum é fruto da união de duas empresas, a 3R e a Ouro Preto. O negócio atraiu as famílias Falabella – dona da rede de varejo chilena de mesmo nome – e Gerdau, segundo apurou o Estadão/Broadcast.
Para levar adiante os planos, a empresa foi à Bolsa – e o processo de abertura de capital não foi simples. Isso porque a 3R nasce de uma reorganização societária concretizada apenas com a efetivação da abertura de capital. Os ativos unificados pertencem à gestora de recursos Starboard, bastante ativa no mercado brasileiro.
Inédito até aqui, o formato precisou passar pelo aval da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Geralmente, a estrutura da empresa é consolidada antes de ser feita a oferta inicial de ações. A oferta foi coordenada por XP, BTG Pactual, Itaú BBA e Genial Investimentos.
“Faz muito tempo que uma empresa do setor de óleo e gás não abre seu capital e temos muito orgulho de ser a pioneira nesse retorno do setor à Bolsa brasileira”, disse o presidente da 3R, Ricardo Savini, em cerimônia na Bolsa paulista.
Há quem acredite na viabilidade do modelo. “A 3R Petroleum apresenta atraente perfil de crescimento considerando os ativos recém-adquiridos e o potencial de novas aquisições que já foram mapeadas”, disseram, em relatório, os analistas da Tasso Vasconcellos e Lucas Chaves, da Eleven Financial.
Segundo João Zuneda, sócio fundador da consultoria MaxQuim, a 3R ou qualquer outro negócio de menor porte podem extrair oportunidades dos campos maduros. Segundo ele, essas empresas são acostumadas a trabalhar com custos mais enxutos e conseguem bons ganhos em áreas que estão que não são viáveis para a Petrobrás, à medida que a gigante se concentra no pré-sal.
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