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51% das famílias têm dívidas para pagar

Endividamento cresceu ante janeiro de 2010, quando 44% das famílias estavam nessa condição, aponta a Fecomércio-SP

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Por Márcia De Chiara
Atualização:

O paulistano começou este ano mais endividado que no início de 2010. Mais da metade das famílias (51,2%) tem dívidas a pagar neste mês. Em dezembro do ano passado, a fatia de famílias endividadas estava em 45,7% e em janeiro de 2010 era de 44%, revela a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP).O aumento da parcela de famílias com dívidas reflete, segundo o assessor econômico da entidade, Altamiro Carvalho, o desempenho excepcional das vendas do Natal, feitas especialmente com uso do crédito. Além disso, há despesas obrigatórias de início de ano, como o Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) e o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), que ampliam os gastos com pagamento de contas.A pesquisa mostra que, de janeiro de 2010 para janeiro de 2011, houve um aumento de quase 250 mil no número de famílias que assumiram dívidas no período. E a maior parte das famílias endividadas (55%) tem renda de até dez salários mínimos (R$ 5.400).A maioria das dívidas é no cartão de crédito (70,8%), seguida por carnês (24,7%), crédito pessoal (10,8%), financiamento de carro (9,4%) e cheque especial (6%).Riscos. Carvalho pondera que, por enquanto, o maior número de famílias endividadas não preocupa. Tanto é que, neste mês, a parcela daquelas com contas em atraso e sem condições de quitar os débitos no curto prazo é praticamente a mesma de janeiro do ano passado - 15% e 6%, respectivamente."No momento os números são saudáveis, mas o cenário não é tão tranquilo para frente", diz o economista. O aumento da inflação, que reduz a renda disponível no bolso do consumidor, associado à elevação das taxas de juros, à redução dos prazos do crediário e ao maior rigor na concessão do crédito, são fatores de risco para o aumento da inadimplência, avalia Carvalho.Ele lembra que o cenário no início de 2010 era oposto ao atual, com juros em queda, prazos de financiamento reduzidos e inflação controlada.Mas, segundo Carvalho, a variável chave para determinar o comportamento da inadimplência daqui para frente será o comportamento do emprego e da renda. "O emprego e a renda falam mais alto que os juros para a inadimplência", diz o economista.A pesquisa identificou que entre as famílias com dívidas, 52,6% delas têm de 11% a 50% da sua renda comprometida com pagamento de prestações. E para 17% das famílias endividadas o comprometimento da renda é superior a 50%. Somente para 23,2% das famílias a parcela da renda empenhada é inferior a 10%. Na média, o comprometimento da renda com negócios já assumidos é hoje de 31%, ligeiramente acima do registrado em janeiro do ano passado e dezembro último, quando esse indicador era de 30%.

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