5G chega a 220 milhões de pessoas no mundo, puxadas pela China 

Atualmente, 1 bilhão de pessoas estão vivendo em regiões onde a nova tecnologia está disponível

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Por Circe Bonatelli
3 min de leitura

A internet móvel de quinta geração, 5G, vai fechar 2020 com aproximadamente 220 milhões de pessoas conectadas em todo o mundo, de acordo com o mais recente relatório da Ericsson, fabricante sueca de equipamentos de telecomunicações. 

5G Foto: Reuters

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Atualmente, 1 bilhão de pessoas estão vivendo em regiões onde a nova tecnologia está disponível. Considerando também os esforços de operadoras para expansão das redes, a expectativa é que o total de usuários salte para 3,5 bilhões até o fim de 2026.

Quem está puxando de verdade o crescimento do 5G no mundo é a China, país que concentra 175 milhões de usuários, o equivalente a 79,5% do total global de conexões, de acordo com a pesquisa da Ericsson.

As maiores teles do país asiático - China Mobile, China Telecom e China Unicom - estão colocando em prática um plano ambicioso de expandir rapidamente a nova geração de internet, que trará diferenciais conectivos para empresas, indústria e agronegócio.

"A China é de longe o País com maior implementação de antenas, a maior cobertura e a maior quantidade de conexões", afirma o editor executivo do relatório global da Ericsson, Patrik Cervall, em entrevista ao Estadão/Broadcast.

O executivo observa que, mesmo ponderando as dimensões continentais da China e o tamanho gigantesco da sua população em números absolutos, o país se destaca também em termos relativos.

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Na China, 11% dos celulares locais estão conectados ao 5G, bem à frente da América do Norte (4%) e da Europa (1%). Outras regiões não têm porcentuais significativos, pois a implementação da nova tecnologia ainda está muito no começo ou nem teve início.

O coordenador do estudo projeta que a situação deverá ficar mais equilibrada à medida em que as redes e os aparelhos ao redor do mundo evoluam. Nos próximos quatro anos, o 5G deve responder por 80% do total de conexões na América do Norte, 68% na Europa e 66% no Nordeste Asiático.

Cervall avalia ainda que o ritmo de crescimento do 5G está relacionado ao poder de compra da população. E na China, já existe uma boa variedade de celulares 5G a preços mais em conta. "Os aparelhos caíram bastante em termos de preços na China, com unidades por menos até de US$ 200. No resto do mundo, eles estão chegando agora a menos de US$ 300", diz.

Outro ponto é a marca do celular. Só recentemente o iPhone 12 (próprio para rodar 5G) chegou aos mercados norte-americano e europeu, o que deverá estimular os fãs da marca Apple a aderirem à nova tecnologia. "Os consumidores são bastante leais à marca preferida", pondera.

Guerra EUA x China

Questionado se a evolução do 5G ao redor do mundo sofreu impactos negativos por conta da guerra comercial e política entre Estados Unidos e China, com perseguição à fabricante chinesa de equipamentos de telecomunicações Huawei (principal concorrente da Ericsson), Cervall disse que não.

"Vemos uma demanda clara dos consumidores por mais dados, acessos a redes sem fio, fibra ótica e 5G. E todas esses serviços têm sido lançados pelos operadoras. Quando se olha as atualizações do mercado, não vejo esse impacto, não vejo nenhuma grande diferença", afirma o executivo da Ericsson.

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No Brasil, porém, as teles se uniram em um comunicado conjunto, na sexta-feira, 27, contra possíveis restrições à participação de fornecedores na tecnologia 5G no País, alegando que isso poderá atrasar a implementação e elevar os custos do serviço.

Isso porque o governo de Jair Bolsonaro está inclinado a se alinhar aos Estados Unidos e já procura meios legais para banir a Huawei, conforme revelou o Broadcast neste domingo, 29. O Ministério das Comunicações trata o assunto como uma questão de Estado e segurança de dados e não nega a articulação para restringir a fabricante chinesa.

"Esse ambiente de incertezas pode impactar o desempenho do setor, pois eventuais restrições implicarão potenciais desequilíbrios de custos e atrasos ao processo, afetando diretamente a população", diz o sindicato que representa as teles, Conexis Brasil Digital.

Conexões no Brasil

O relatório da Ericsson mostrou ainda que, apesar da incerteza causada pela pandemia, boa parte das teles seguiram com seus planos para ativação do 5G ao redor do mundo. Já são mais de 100 companhias atuando nesse mercado.

O próprio Brasil passou a integrar as estatísticas, com Claro, Vivo, Oi e TIM lançando suas primeiras redes comerciais de 5G neste semestre. Essa é uma cobertura ainda restrita a bairros de algumas capitais, mas tende a se espalhar pelo País nos próximos anos.

Por enquanto, as companhias estão oferecendo o 5G no Brasil numa modalidade que pega "emprestado" um pedaço das faixas de radiofrequência nas quais já trafegam os sinais do 4G.

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Esse tipo de 5G "parcial" é um avanço na conexão, mas ainda está abaixo da velocidade super alta de navegação que virá no 5G "definitivo". Mas isso ainda depende do leilão das faixas específicas para o 5G, que será feita ano que vem pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

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