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A CNI mostra o desânimo da indústria

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Por Redação
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A produção industrial deverá cair 0,5% neste ano, projeta a Confederação Nacional da Indústria (CNI) no Informe Conjuntural, distribuído ontem. Pior é que não se trata de queda isolada, pois os demais setores econômicos também perderam força.A crise da indústria decorre "mais do ambiente doméstico que da economia mundial". Há um problema estrutural - a falta de competitividade das empresas brasileiras. E problemas conjunturais - "o enfraquecimento da demanda interna, a retração das exportações para a Argentina, o encarecimento do capital de giro, o crescimento do custo da energia elétrica (provocado, principalmente, pelo déficit hídrico) e a falta de confiança do empresário". O governo usou o arsenal disponível, mas "as expectativas dos empresários industriais seguem negativas".Entre janeiro e maio, só a produção da indústria extrativa cresceu (4,7%), mas o PIB da indústria de transformação diminuiu 2,4%. A queda foi liderada pelos bens duráveis (-3,2%) e pelos bens de capital (-5,8%). Esse é o nó. Sem investimento, uma retomada não é sustentável. E o investimento total do País, medido pela Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), também está em desaceleração. A FBCF caiu 2,1% entre o último trimestre de 2013 e o primeiro de 2014 - terceira queda nesse tipo de comparação. A CNI calcula que a FBCF caia 2% neste ano, chegando a 17,6% do PIB, ou 0,6 ponto porcentual abaixo da taxa do ano passado.Tal conjunto de dados e previsões bastaria para mostrar que a política econômica perde, crescentemente, a batalha das expectativas. Mas há outros a acrescentar: o consumo das famílias caiu no primeiro trimestre e este deverá ser o quarto ano consecutivo de desaceleração; o consumo do governo deverá ceder de 2% do PIB para 1,9%, entre 2013 e 2014; as importações crescerão apenas 1,2% neste ano, ante 8,3% em 2013; e o crescimento do PIB estimado em 1% será sustentado pelo setor agropecuário e pelos serviços (que, por sua vez, dependem da economia real, da indústria e do comércio).Mais cedo ou mais tarde, as dificuldades chegarão aos índices de emprego. Se isso não ocorreu até agora, é porque menos pessoas procuram o mercado de trabalho - isso ocorre, em especial, com quem tem 18 a 24 anos.Independentemente do ano eleitoral, a piora generalizada das condições econômicas teria de ser reconhecida pelo governo. O segundo passo será discutir os melhores caminhos para enfrentar as dificuldades.

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