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A conquista de um rating mais alto não será fácil

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Por Redação
Atualização:

A Moody"s, agência de classificação de risco, elevou ontem a nota do Brasil de Baa3 para Baa2, o que ajudará o Tesouro Nacional a emitir bônus soberanos. Trata-se de uma notícia que consolida a posição de grau de investimento do País. Será preciso galgar mais posições (sete) para chegar a Aa1, privilégio muito restrito que representa ausência de risco.A Moody"s sugeriu que o Brasil poderá ganhar mais uma classificação nos próximos 12 a 18 meses, dependendo de duas condições: 1) um crescimento econômico mais moderado, com taxas mais baixas e mais sustentáveis; e 2) que as autoridades queiram e consigam cumprir as metas orçamentárias de curto prazo.Na realidade, são duas condições que exigem uma profunda modificação da política econômica num período delicado em que o governo pretende acelerar os investimentos - púbicos e privados - vinculados à realização da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos. Todo o problema será conseguir conter a demanda doméstica e aumentar a poupança interna.Não se pode menosprezar a amplitude desses objetivos, que parecem simples em primeira abordagem. Controlar a demanda doméstica exige que a massa salarial apresente aumentos que correspondam a uma elevação da produtividade real e possibilitem um crescimento da poupança.Num contexto como esse, a inflação será contida e os investimentos das famílias serão financiados em grande parte pelo esforço de poupança. Além disso, o controle do crédito torna-se imperativo para que não se crie poder aquisitivo artificial.Na área pública, terá de haver um esforço muito mais amplo para obter poupança real que financie os investimentos. A primeira exigência seria reduzir a carga tributária para permitir que o setor privado consiga elevar suas economias sem recorrer a pressões inflacionária. E caberá ao setor público dispor de mais poupança para financiar os investimentos, reduzindo seus gastos de custeio e aumentando a racionalidade das despesas.Não há dúvida de que a agência Moody"s, ao elevar o rating do Brasil, considerou a situação das reservas internacionais do País e sua capacidade de suportar a tempestade que pode vir dos países da União Europeia. Talvez menospreze o custo de carregamento dessas reservas (estimado em R$ 54 bilhões), mas reconhece os problemas criados por um fluxo excessivo de recursos externos.O aumento da nota de rating do governo favorece os nossos grandes bancos, desde que saibam não abusar dessa melhora de status.

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