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A crise e o turismo de negócios

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Por Celso Ming
Atualização:

A crise mundial ainda não chegou a um setor que vinha passando por um ótimo momento: o turismo de negócios em São Paulo. Mas o impacto parece inevitável. Levantamento da São Paulo Convention & Visitors Bureau (SPCVB) mostra que 50% dos visitantes que vêm à cidade desembarcam a negócios. A cada ano se realizam cerca de 90 mil eventos: feiras, convenções, exposições, seminários, congressos, etc. É por isso que o setor é especialmente sensível à economia e à situação financeira das empresas que realizam e patrocinam os eventos. A SPCVB informa que apenas esse ramo movimenta cerca de R$ 8 bilhões ao ano. Dois dos fatores que contribuem para que São Paulo seja a capital da América Latina dos negócios são a boa dimensão do parque hoteleiro (410 hotéis) e as tarifas competitivas - é a quinta capital mais barata do País. Cerca de 40% de seus hotéis são da categoria econômica, com diárias inferiores a R$ 120, e outros 35% têm diárias entre R$ 120 e R$ 250. Um terceiro fator de atração é a diversidade gastronômica. Em 2007, a cidade foi sede de 61 eventos internacionais, aumento de 13% sobre 2006. Mas ainda atrai poucos estrangeiros. Pesquisa da Euromonitor International em 2006 mostrou que foi apenas a 62ª cidade que mais recebeu turistas estrangeiros no mundo: 1,1 milhão. O Rio ficou com a 35ª posição, com o dobro disso, mas opera mais com turismo de lazer do que de negócios. As projeções da São Paulo Turismo (SPTuris, que atua como Secretaria Municipal de Turismo) são de que a cidade deve receber neste ano 20% mais visitantes do que em 2007. Esse movimento mais alto aumentou a ocupação média dos hotéis: deve encerrar 2008 em cerca de 75%. Em 2002, não passava de 50%. Para Maurício Bernardino, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Estado de São Paulo (Abih-SP), somente nos dez dias em que ocorreram o GP e o Salão do Automóvel, a rede aumentou seu faturamento em R$ 50 milhões e a ocupação ultrapassou 90%. "Saímos de um período de excesso de oferta de quartos, em 2003, para um de crescimento da procura." Encerrado o calendário anual de grandes eventos, o setor ainda curte os recordes. "A cidade ainda não sentiu o impacto da crise", garante o diretor-superintendente da SPCVB, Toni Sando. "Os cancelamentos de eventos já agendados continuam insignificantes." Mas a revista Business Traveller mostra que, em todo o mundo, o setor já sofre as conseqüências da crise. Pessoas físicas e empresas estão cortando seus orçamentos para viagens, o que implica voar e se hospedar menos e em categorias inferiores. Dados da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês) acusam queda anual no tráfego internacional de passageiros em setembro de 2,9%. A British Airways registrou em outubro redução dos vôos na classe executiva de 9,2%. A revista ainda aponta quebra na ocupação de hotéis e no faturamento nas cidades de Londres, Amsterdã, Paris e Viena. "Executivos ainda fazem suas viagens e reservam hotéis, embora o façam numa categoria inferior ou por um preço menor." Parece inevitável que São Paulo seja amanhã o que o resto do mundo dos negócios já é hoje.

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