PUBLICIDADE

A emissão recordista de títulos da Argentina

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

A Argentina renegociou a dívida externa e voltou ao mercado internacional de capitais após 14 anos de jejum, emitindo US$ 16,5 bilhões em títulos, na maior operação já realizada por país emergente. Os investidores fizeram ofertas de compra de US$ 68,6 bilhões, indicando que voltaram a confiar no país após o calote de US$ 102 bilhões de 2001, no governo de Adolfo Rodríguez Saá. A moratória foi renegociada em 2005, já no governo Néstor Kirchner, mas alguns credores não aceitaram o prejuízo. Parte relevante dos recursos servirá agora para pagar esses credores que processavam a Argentina e deverão receber mais de US$ 10 bilhões. O que sobrar será depositado no Banco Central e usado para financiar o déficit fiscal deste ano, recompor reservas e investir. Os bônus colocados – a juros superiores aos oferecidos pelo Brasil na última emissão – têm prazos de 3, 5, 10 e 30 anos. A remuneração será crescente conforme o prazo, variando de 6,25% ao ano a 7,62% ao ano (média de 7,14% ao ano). A maior procura (US$ 6,5 bilhões) foi pelos títulos com 10 anos de prazo, segundo o ministro da Fazenda, Alfonso Prat-Gay. É um alívio para a Argentina, pois encerra a moratória mantida pela presidente Cristina Kirchner, que sucedeu no cargo a seu marido Néstor e, como ele, elegeu como inimigos os fundos abutres, como eram chamados os credores que não aceitavam as condições que o governo argentino tentava lhes impor. A volta ao mercado internacional ocorre após a correção de rumos da economia. Na era Kirchner se distribuíam subsídios, enfraquecendo a política fiscal. A adoção pelo governo Macri de uma política econômica pró-mercado permitiu que seus primeiros 100 dias fossem usados para decisões difíceis. Já se admite uma inflação superior a 30% neste ano e as consultorias preveem uma queda do PIB da ordem de 1%. O desemprego aumentou. São consequências de medidas como a correção de tarifas públicas defasadas, desvalorização cambial e aperto da política monetária com juros de até 38% ao ano. A perspectiva é reequilibrar a economia e voltar a crescer a partir do ano que vem, com a volta dos investimentos externos. Os primeiros sinais positivos da emissão já começam a aparecer, como a melhora da classificação argentina pela agência de rating Moody’s. Províncias e empresas argentinas já estariam se preparando para tomar recursos no mercado.