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A família que tem chocolate no sangue

Por Clayton Netz
Atualização:

A primeira fábrica de chocolates do País, a Neugebauer, fundada em 1891 em Porto Alegre (RS) por três irmãos, os imigrantes alemães Ernst, Franz e Max Neugebauer, permaneceu por quase um século sob o comando familiar, consolidando-se ao longo dos anos como uma marca regional admirada: foi no Clube do Guri, um programa radiofônico patrocinado pela empresa, que uma garota talentosa, que atendia pelo nome de Elis Regina, enfrentou pela primeira vez um auditório. Em 1981, a empresa gaúcha foi vendida para o finado grupo Fenícia, de São Paulo, e o dinheiro dividido entre os herdeiros da família. A maior parte deles não se interessou mais pelo ramo de chocolates. A tradição chocolateira dos Neugebauer poderia ter se encerrado ali, não fosse a decisão de Ernesto Harald Neugebauer, neto dos pioneiros, de criar, em sociedade com os filhos Ernesto Ary e Werner, a Harald, fabricante de chocolates voltados para o mercado industrial. "Não sabíamos o que fazer no começo, mas o chocolate está no nosso sangue", diz Ernesto Ary Neugebauer. Hoje, a Harald, que após morte do pai, Ernesto, e do irmão, Werner, passou a ser comandada por Ernesto Ary , é a líder no segmento de chocolates industriais, com uma fatia estimada de 65% do mercado e produção anual de 70 mil toneladas. Seus chocolates são usados por empresas como a Bauducco, Kibon e McDonald"s, entre outras. E o nome Neugebauer segue tão respeitado que, apesar de a empresa e a marca terem sido vendidas há quase três décadas, o nome ainda é mantido pelo atual controlador - o grupo Vonpar, engarrafador da Coca-Cola em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul. Dona de um faturamento de R$ 350 milhões no ano passado, a Harald estima chegar a R$ 440 milhões em 2010, com a diversificação de seu portfólio. "Uma das chaves para o crescimento é agregar valor aos produtos", diz Neugebauer, que está investindo em parcerias com produtores de cacau do Norte e Nordeste para criar uma identidade para o chocolates industriais produzidos pela Harald. "Trata-se de produtos gourmet, com selos de procedência da matéria-prima." Segundo Neugebauer, na Europa já são vendidos chocolates que enfatizam características naturais, como o gosto de amêndoas ou frutas vermelhas. "Meu sonho é ver o chocolate brasileiro tão reconhecido quanto o belga ", diz. A Harald também quer aumentar sua presença no exterior. Atualmente, a empresa exporta para uma dúzia de países, entre eles os EUA, Emirados Árabes e Argentina. Neugebauer diz que um dos próximos objetivos é dobrar a participação das exportações no faturamento da empresa, de 6% para 12%. Além disso, ele revela que está estudando a instalação de fábricas da Harald na Colômbia e no México. "Esses países têm grandes mercados para os nossos produtos", afirma.Recentemente, a Harald finalizou seu plano de investimentos na fábrica de Santana de Parnaíba, na Grande São Paulo, que consumiu R$ 50 milhões nos últimos cinco anos. "Nossos novos equipamentos são iguais aos melhores da Europa", diz. "Quando queremos impressionar nossos clientes, os levamos para a fábrica."R$ 112 bi é o consumo estimado da área rural brasileira em 2010. Equivale a apenas 5% dos R$ 2,2 trilhões do consumo total, embora os habitantes do campo representem 17% da população do PaísDEFESAA Odebrecht quer ser gente grande no setor bélicoPelo andar da carruagem, a incursão da Odebrecht na área de defesa não ficará restrita à participação no Consórcio Baía de Sepetiba, formado em parceria com a francesa DCNS para construir as obras de infraestrutura do estaleiro onde serão construídos os quatro submarinos Scorpéne convencionais e o casco de um submarino nuclear, comprados em 2008 pelo governo brasileiro por 6,8 bilhões. Além das instalações civis, na Baía de Sepetiba, no litoral fluminense, já é certo que a Odebrecht Industrial, controlada pelo grupo baiano, também participe da construção dos submarinos. Embora não haja uma estratégia definida, já se sabe que a empresa deverá também entrar na fabricação de produtos bélicos. Ao mesmo tempo, a Odebrecht Industrial movimenta-se para participar do programa de interiorização do Exército, que prevê a construção de quartéis e postos avançados em regiões remotas do País.PROMOÇÃOBullet e Banco de Eventosvão juntar os traposA onda de fusões chegou às agências de promoções e eventos. Ontem, duas empresas 100% brasileiras e bem-sucedidas no ramo, o Banco de Eventos, do empresário José Victor Oliva, e a Bullet, confirmaram o que o mercado especulava há dias: negociam uma união em busca de sinergias. Em comunicado, as duas agências lembram que nasceram na mesma época e enfrentaram os mesmos obstáculos. Reconhecem ainda que o mercado precisa de empresas fortes que ajudem a criar um "novo padrão de ética e de qualidade no setor".VAREJOO celular vai às comprasA partir da semana que vem, os clientes do Pão de Açúcar poderão fazer suas compras pelo celular. O supermercado móvel, que segue os moldes do serviço de delivery pela internet da rede, estará disponível para os consumidores que possuírem aparelhos com o sistema operacional Windows Mobile instalado. O produto, desenvolvido com a Microsoft, terá divulgação pela internet e estará disponível em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Fortaleza e Brasília. "É inovador em supermercados e conta com os mesmos recursos do site da rede na web", diz João Edson Gravata, diretor de operações do Pão de Açúcar.BUROCRACIAJustiça retém R$ 82 bilhões em depósitos judiciaisA Justiça brasileira é guardiã de R$ 82 bilhões. A quantia refere-se aos depósitos judiciais nas instâncias federal e estaduais e na trabalhista, feitos por pessoas físicas e jurídicas, e que são liberados só ao final dos processos. E isso costuma demorar, haja vista a burocracia e os trâmites infindáveis. Para diminuir a morosidade, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) determinou aos tribunais, no final de 2009, que adotassem a mesma sequência de números para todos os processos que tramitam de Norte a Sul do País, o que foi seguido por pouquíssimos tribunais. Segundo levantamento da carioca e-Xyon, empresa de gestão de risco jurídico, apenas um terço dos processos se enquadram no novo formato. O estudo conclui que, se os tribunais tivessem aderido à decisão do CNJ, de 5% a 8% do total depositado em juízo já poderia ser resgatado. Ou seja, de R$ 4,1 bilhões a R$ 6,5 bilhões retornariam à economia.

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