A produção industrial deste ano deverá cair 7% em relação a 2014, após o recuo de 3,3% entre 2013 e 2014, segundo o Departamento Econômico do Bradesco. A queda do Produto Interno Bruto (PIB) é estimada em 2,7% e do PIB industrial, em 5%. O emprego industrial diminuiu 5,5% neste ano, até julho, e, mantida a tendência, cederá 9% em 2015.
A indústria, em geral, tem como horizonte o médio e o longo prazos. Sem confiança, adia investimentos e corta pessoal, como ocorreu no biênio 2014/2015. A situação ficou ainda pior com o crédito caro e escasso, agravado pela volatilidade do câmbio, que afeta severamente as companhias com dívidas em dólar.
Os indicadores de agosto da CNI retratam bem o quadro desanimador para a indústria. O faturamento real caiu 7,2% em relação a agosto de 2014, as horas trabalhadas na produção recuaram pelo sétimo mês consecutivo e o uso da capacidade instalada caiu 0,8 ponto porcentual no mês, o menor nível desde janeiro de 2003, quando a pesquisa começou a ser feita.
O índice de emprego diminuiu 1,1% em relação a julho e 7,1%, comparativamente a agosto de 2014. Está em forte queda desde fevereiro de 2014. A massa salarial real caiu 7,2% em relação a agosto de 2014. O rendimento médio real só subiu 1,1% entre julho e agosto por causa do aumento dos gastos das empresas nas rescisões dos contratos de trabalho, avalia a entidade.
Outros levantamentos sobre a indústria mostram cenário semelhante, como o Indicador do Nível de Atividade (INA) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), com queda de 2,5% entre julho e agosto; e o recuo de 3% do faturamento da indústria de máquinas e equipamentos, segundo a entidade do setor (Abimaq).
O peso da indústria no PIB caiu de 17,9%, em 2004, para 10,9%, em 2014, e poderá chegar a menos de 10% – porcentual incompatível com a importância do setor na economia.