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'A inflação não é ruim só para mim'

Florista Luis Mario Terminiello não pode aumentar preço das flores

Por Rodrigo Carvalheiro/CORRESPONDENTE EM BUENOS AIRES
Atualização:
Instável. Terminiello nunca sabe quanto vai vender Foto: Rodrigo Carvalheiro|Estadão

O florista Luis Mario Terminiello tem 56 anos e uma preocupação, a inflação. A taxa anual, na casa dos 14%, segundo dados oficiais do governo argentino, e na dos 25%, segundo consultorias independentes, é compensada por reajustes chamados de paritárias, negociados pelos sindicatos de trabalhadores.

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Como vendedor autônomo na banca de flores que herdou do pai na Avenida Santa Fé, em Buenos Aires, ele não conta com esse gatilho salarial que ronda os 30% – são em geral um pouco maiores para as categorias aliadas do kirchnerismo.

Ele também não pode aumentar o preço das flores, cultivadas nas cidade de Escobar e La Plata. Outro complicador para Terminiello é que ele nunca sabe quanto venderá. Em alguns dias vende cinco ramos de flores e, em outros, 30.

Se eu aumentar em 30% o preço de um lírio que hoje custa 40 pesos (R$ 15) ninguém compra. A inflação não é ruim só pra mim, mas somos os mais prejudicados”, reclama, com certo conformismo e bom humor. “Costumo subir os preços um pouco para as festas, quando há mais demanda, mas depois volto a baixar.”

Os ramos de flores mais baratos que Terminiello vende custam 10 pesos (R$ 4). Uma dúzia de rosas sai por 100 pesos (R$ 40).

Ele lembra dos anos de 2008 e 2009, no meio do primeiro mandato de Cristina Kirchner, como os melhores da última década. “O dólar estava estável e estávamos todos bem. A melhor economia é um mercado estável. Para mim, e acho que para todas as atividades.”

Nas eleições da semana passada, ele votou em Mauricio Macri.

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