A investidores, secretário Bruno Funchal diz ser contra prorrogação do auxílio emergencial

Secretário especial do Ministério da Economia afirmou em encontros com bancos e corretoras que não assinaria medida para estender o benefício; ala do governo faz pressão pela continuidade do programa

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BRASÍLIA E SÃO PAULO - Cada vez mais encurralados entre a pressão para a prorrogação do auxílio emergencial e a rigidez do teto que impõe um limite para o aumento dos gastos do governo, membros da equipe econômica têm sido cada vez mais firmes em relação ao fim do pagamento do benefício. Em reuniões organizadas pela corretora XP Investimentos e o banco BTG Pactual nesta quinta-feira, 30, o secretário Especial do Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, afirmou com todas as letras que não assinaria qualquer medida nessa direção, segundo fontes que participaram dos encontros.

O recado, segundo participantes, foi de que o governo trabalha com uma única estratégia: votar uma solução para os precatórios e abrir espaço para o Auxílio Brasil de R$ 300, como é chamado o novo programa Bolsa Família turbinado. Apesar do tom de rigor fiscal, Funchal reconheceu que, ainda que o governo já tenha sinalizado de forma favorável à proposta desenhada pelos presidentes da Câmara, Arthur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco, para os precatórios, não há ainda consenso político para se votar o texto.

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"Ele reconheceu que tem um trabalho político a ser feito, ele não pode garantir que o encaminhamento do projeto está solucionado", disse um participante de uma reunião. Contudo, teria afirmado que o governo conta com uma solução para os precatórios - e consequentemente para o Auxílio Brasil - até o fim de outubro.

O secretário especial de Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, disse quegoverno trabalha com a estratégiade votar uma solução para os precatórios e abrir espaço para o Auxílio Brasil Foto: Gustavo Sales/Câmara dos Deputados

O secretário também adotou um tom pessimista ao afirmar, durante o encontro, que há atualmente muitas pressões políticas para se aumentar o gasto público, entre elas soluções para a alta do gás e demandas para ampliar o Auxílio Brasil e prorrogar o auxílio emergencial. "Como houve melhora fiscal, na cabeça dos políticos pode-se gastar mais. E o governo está tendo muito trabalho para mostrar que não é possível", completou o participante.

Apesar do discurso duro, o Estadão/Broadcast apurou que o secretário não chegou a dizer que se desligaria do cargo, como foi aventado. Mas, de fato, se colocou numa posição fortemente contrária à ideia de prorrogar o auxílio emergencial, em linha com o que disse em entrevista para a CNN, na segunda-feira, e com o que o secretário do Tesouro, Jeferson Bittencourt, afirmou em coletiva de imprensa na terça-feira.

Segundo participantes dos encontros, Funchal teria deixado claro que, como os números por infecção por covid0-19 estão caindo no País, não há via legal para se abrir um crédito extraordinário liberando novo auxílio emergencial.

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Com o recado de hoje, os integrantes da equipe econômica querem deixar claro que não estão satisfeitos com a movimentação de bastidores feita por outros membros do governo de incluir a prorrogação do auxílio emergencial na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos precatórios, em tramitação no Congresso Nacional.

Procurada, a Secretaria Especial do Tesouro e Orçamento não quis comentar sobre a participação de Funchal nos eventos.

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