
04 de junho de 2015 | 02h02
Houve recuo de 2,7% nas vendas entre abril e maio, de 343 mil unidades para 333,8 mil. Excluídas motos, as vendas de veículos, de 212,7 mil unidades, foram as piores em oito anos. Nem no auge da crise global, em 2009, quando a economia brasileira entrou em recessão e a indústria caiu 4,8%, a comercialização de veículos encolheu tanto como no mês passado.
Entre os primeiros cinco meses de 2014 e de 2015, as vendas de implementos rodoviários caíram 49,65%, as de caminhões, 42,24%, as de ônibus, 24,75% e as de automóveis e comerciais leves, pouco mais de 20%, segundo a Federação Nacional dos Distribuidores de Veículos (Fenabrave). Entre maio de 2014 e maio de 2015, a queda em autos foi de 24,5%.
A reação das montadoras é explicável. A General Motors deu férias coletivas ou folgas a trabalhadores das fábricas de São Caetano do Sul, São José dos Campos, Gravataí, Joinville e Mogi das Cruzes. A Mercedes-Benz deu férias coletivas nas unidades do ABC e de Juiz de Fora e a Ford anunciou novas folgas em São Bernardo do Campo, enquanto retornam ao trabalho 2,8 mil funcionários da fábrica de Camaçari, na Bahia. O pessoal interrompeu a greve de 24 dias na Volvo de Curitiba, mas a empresa colocará centenas de pessoas em regime de lay-off, em que o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) paga uma remuneração mensal de R$ 1,3 mil, e abrirá um programa de demissão voluntária.
São maus sinais num setor que paga salários acima da média e emprega, só nas empresas filiadas à Anfavea (a associação das montadoras), quase 140 mil pessoas.
Não há recuperação à vista. Alívio tributário deixou de ser considerado e a conjuntura seguirá adversa, com juros e inflação altos, famílias endividadas e economia em recessão. Contra a crise, o diretor do Centro de Estudos Automotivos, Luiz Carlos Mello, sugeriu ao Estado "a reprecificação" dos bens. Resta ver se as montadoras brasileiras estão dispostas a isso.
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