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A marcha batida das taxas de juros

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Por Redação
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Com a taxa Selic mensal subindo para 1,01% em março, a alta de juros dos empréstimos tornou-se consequência natural, mas nem por isso menos importante para a economia, ao contribuir para afastar as pessoas físicas e jurídicas do crédito e, em consequência, limitar a recuperação do ritmo de atividades.A pesquisa mensal da Associação Nacional dos Executivos Financeiros (Anefac) registra uma elevação quase ininterrupta dos juros ativos (cobrados pelas instituições financeiras) nos últimos 12 meses, com a exceção de setembro. Da média de 5,86% ao mês, ou 98,05% ao ano, em março de 2014, os juros cobrados das pessoas físicas atingiram 6,71% ao mês, ou 118% ao ano, no mês passado. E, se a taxa básica de juros voltar a subir, como se prevê, o mais provável é que os juros dos empréstimos também aumentem.Algumas taxas subiram bem mais do que a média, como as dos empréstimos pessoais nos bancos (de 3,34% em março de 2014 para 3,94% no mês passado), no cartão de crédito (de 10,08% ao mês para 12,02% ao mês) e no cheque especial (de 8,16% ao mês para 9,64% ao mês). No cartão de crédito e no cheque especial, são juros tão altos que só toma esses recursos quem não faz contas ou não tem mais a quem recorrer.As pessoas jurídicas pagam, em média, juros inferiores aos das físicas, mas ainda muito elevados - e igualmente crescentes. A taxa mensal aumentou de 3,35% (ou 48,5% ao ano), em março de 2014, para 3,89% (ou 58,08% ao ano), no mês passado. As médias foram influenciadas, para cima, pelas taxas cobradas das contas garantidas, uma espécie de cheque especial das empresas, que saiu de 5,84% em março de 2014 para 6,64% em março deste ano.Iniciativas recentes, como a discussão sobre aumento de tributos sobre o lucro dos bancos e mudanças no crédito consignado, poderão influir nas taxas. É possível que as instituições busquem preservar margens.Mais preocupante é a emenda à Medida Provisória 661, aprovada na Câmara dos Deputados, que amplia o limite para novos empréstimos com desconto em folha de pagamento, para pagar dívidas com o cartão de crédito. O comprometimento da renda de trabalhadores na ativa poderá atingir 50% (40% para aposentados). Ao cobrar juros estratosféricos no cartão de crédito, os credores sabem que será difícil de receber a dívida. A solução engendrada ajuda os bancos, mas compromete a renda das famílias.

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