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A operação de guerra das aéreas na Paralimpíada

Companhias fazem adaptações para agilizar o atendimento aos para-atletas

Por Marina Gazzoni
Atualização:

Uma comitiva que reúne nove departamentos da Latam, empresa aérea formada por TAM e LAN, está de plantão até o dia 20 em uma sala no centro operacional da companhia. Batizada de “War Room” (quarto de guerra, em inglês), a sala foi montada para monitorar os voos que chegam ao Rio com passageiros com necessidades especiais. A iniciativa é parte de uma operação especial da Latam para a Paralimpíada. Ao todo, cerca de 4,5 mil para-atletas vieram ao Rio para o evento.

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A equipe da sala de guerra checa se o voo saiu no horário, se os passageiros fizeram a conexão e se as cadeiras de roda estão no porão do avião. Se algo der errado, o grupo tem autonomia para tomar decisões na hora, como transferir os passageiros para outro voo ou acionar a equipe de solo para localizar uma bagagem perdida.

Por causa do fluxo acima do usual de passageiros com necessidades especiais, a empresa entendeu que precisava de uma operação especial. O primeiro problema constatado foi que muitos modelos de cadeira de roda não passam no corredor do avião. Em uma operação normal, os passageiros ingressam no avião com suas cadeiras e são acomodados em um dos seis assentos na primeira fila.

Delegação do Irã desembarca no Galeão: aeroporto criou portão especial para receber bagaem dos atletas Foto: Rio Galeão

Para evitar problemas em um embarque massivo, a empresa comprou 48 cadeiras especiais e mudou o procedimento de embarque: o passageiro troca de cadeira de roda na porta do avião, segue para o assento e um equipamento leva sua cadeira de roda pessoal da porta ao porão do avião. “Fazíamos o embarque de cada cadeirante em 5 minutos. Reduzimos para 1 minuto para evitar atrasos nos voos”, explica o diretor de serviços da Latam Brasil, Eduardo Costa.

O serviço de bordo também exigiu ajustes. Em vez de servir os passageiros no assento, os comissários entregaram kits com alimentos na porta do avião. O motivo é que se um cadeirante fosse ao banheiro no voo, o corredor ficaria travado e não haveria tempo para execução do serviço de bordo.

Banheiro para cão guia e 'elevador' para cadeiras de roda não foram inovações Foto: Latam

Prevenção. A intenção das empresas é prevenir falhas nos procedimentos de embarque e desembarque de pessoas com deficiência. Em 2012, o escritor Marcelo Rubens Paiva, colunista do Estado, foi esquecido dentro de um avião da TAM e o episódio repercutiu mal nas redes sociais. No fim de 2014, a internet se revoltou com cenas de uma passageira cadeirante se arrastando nas escadas para embarcar em um voo da Gol.

Para não repetir a falha, a Gol investiu em rampas que substituem as escadas de acesso à porta do avião nos aeroportos de Santos Dumont, no Rio, e Congonhas. Esses aeroportos concentram os voos com acesso remoto, quando o passageiro não embarca pelo finger – ponte que faz a ligação entre o terminal e o avião. “A vantagem é que o passageiro com necessidades especiais entra sozinho no avião. Ele não quer ser tratado diferente”, explica Randall Aguero, diretor de operação aeroportuária da Gol.

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A Avianca também contratou um fornecedor para rampas nos aeroportos. Já a Azul adicionou cinco cadeiras robóticas na operação. Todas as empresas reforçaram as equipes nos aeroportos do Rio. Até agora, não há registros de falhas significativas no atendimento. As empresas reconhecem, porém, que o maior desafio será nos voos de saída do Rio. O embarque de pessoas com deficiência é mais complexo que o desembarque.

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