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A ordem para investidores é manter sangue-frio

Perdas em bolsa têm chance de ser recuperadas mais rapidamente na própria bolsa

Por Rosangela Dolis e de O Estado de S. Paulo
Atualização:

Arrastada pela crise americana, a Bolsa paulista (Bovespa) vem registrando queda desde o início de janeiro. O resultado pegou de surpresa quem se animou com o ritmo de alta galopante da Bovespa em 2007 (43,65%) e entrou no mercado.   A dúvida, agora, é o que fazer com a aplicação, cujo saldo despencou nos últimos dias. "O sucesso em 2007 trouxe uma onda de investidores que não estão preparados para enfrentar volatilidades", diz Pedro Vartanian, professor de economia da Trevisan Escola de Negócios.   Para o administrador de investimentos Fábio Colombo, o cenário hoje "é um prato cheio para que as bolsas realizem (sejam vendedoras)", referindo-se à gordura acumulada com a alta valorização nos últimos 5 anos (466% no índice Bovespa), aos prejuízos anunciados por bancos americanos e ao risco de forte desaceleração ou até recessão dos EUA. "Eu não aposto que vamos ter um ano bom para a Bolsa em 2008", diz.   Ele discorda da opinião de muitos economistas de que a Bolsa brasileira está descolada da americana. "Aqui e lá, elas estão caindo no mesmo ritmo", diz.   Não há previsão para a crise acabar, mas Colombo reforça que momento de baixa nunca é hora para venda de ações. No entanto, diz que quem aplicou quantia maior do que pode arriscar perder deve fazer o ajuste. Ele orienta o investidor a definir o porcentual dos investimentos totais que pode expor a risco e a vender as ações que excederem a esse limite. "Vai sair com prejuízo, mas não vai se arriscar a perder mais do que está disposto." Já quem tem em Bolsa uma quantia compatível com seu grau de tolerância a perdas deve aguardar, diz.   Marcos Crivelaro, professor da Faculdade de Informática e Administração Paulista (Fiap) e consultor de finanças pessoais, diz que, "se sair agora, o investidor só tem uma certeza: vai perder". Ele recomenda a venda só para quem precisa do dinheiro ou não suporta oscilações. "Este semestre vai ser de muita volatilidade", alerta.   Para Vartanian, o ideal quando a Bolsa cai é continuar nela. "A chance de reverter perdas na Bolsa é maior se a pessoa ficar na Bolsa, mas sem prazo."   Compra   Colombo diz que o quadro de queda é oportuno para fazer aquisições, gradualmente. "A compra deve ser feita gradualmente, à medida que a Bolsa cai", diz. Crivelaro também recomenda a compra, mas apenas de ações "campeãs", como Petrobrás e Vale. "Todos devem ter um pouco em ações, na alegria ou na tristeza."   Vartanian alerta que, com o atual cenário de incertezas sobre a economia americana, a queda da Bolsa pode se acentuar. "Se essas incertezas diminuírem e a Bolsa inverter o sinal por uma semana, aí poderá ser um bom ponto de compra."   Na renda fixa, Colombo indica fundos DI e Tesouro Direto (compra direta de títulos públicos no site tesourodireto.gov.br). Ele recomenda os fundos DI porque eles acompanham a política de juro do Banco Central. "Com a inflação pressionando, não se descarta uma alta dos juros para manter o juro real." Ele observa, no entanto, que, se o resgate ocorrer em até seis meses (em que o Imposto de Renda é o máximo, de 22,5%), o fundo DI pode ter taxa de administração máxima de 2%. "Acima disso, a caderneta será mais interessante."   No Tesouro Direto, ele indica papéis corrigidos pela inflação (IPCA) mais uma taxa de juro ou pela taxa Selic, mas não os prefixados. Crivelaro também indica aplicações indexadas à inflação. "A dúvida da vez é a inflação", ele alerta.   O dólar mantém-se opção apenas para quem vai viajar. "Mesmo que haja fuga de capitais, não há expectativa de ganho com a moeda porque o nível de reservas brasileiras é muito alto e impede altas expressivas", diz Vartanian.

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