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A receita ideal para empreender em tempos de crise

Marina Mansur, sócia da McKinsey em São Paulo, fala sobre o panorama do ecossistema de inovação no Brasil

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Por McKinsey
3 min de leitura
Divulgação 

Em entrevista ao McKinsey Talks, Marina Mansur, sócia da McKinsey em São Paulo, comentou as conclusões do Brazil Digital Report, divulgado na conferência “Brazil at Silicon Valley”, nos EUA. O relatório traçou um panorama do ecossistema de inovação no Brasil entre 2016 e 2021, período que se destacou por um ciclo de acelerado crescimento no mercado digital. 

Para se ter uma ideia, o número de unicórnios no País septuplicou, e o fluxo de capital aumentou 19 vezes nesse intervalo. Em 2022, mesmo a complexa realidade mundial da pandemia, que impôs novos desafios e exigiu cautela até de empreendedores experientes e com teses mais maduras, não foi capaz de fechar as portas para oportunidades e inovações. 

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“O Brasil tem uma combinação de três pilares fundamentais que pode ser uma receita ideal para alguém empreender”, diz Marina. Esses três pilares consistem em uma população altamente digitalizada, um sistema regulatório favorável e o capital de investimento inserido nos últimos cinco anos.

Marina explica que o ciclo de abundância não foi marcado apenas pelo acelerado crescimento do número de unicórnios, empresas com valuation acima de US$ 1 bilhão. A redução do tempo que as startups levavam para se tornar unicórnios, de alguns anos para meses, e o “encurtamento entre o ciclo do capital de  risco e do capital de crescimento” também chamaram atenção.

“Então, além de esses ciclos encurtarem, o fato de várias startups começarem a atingir o patamar de unicórnios, fazerem os seus IPOs, isso tudo mostrou para uma geração inteira que empreender é possível, que empreender não é uma loucura, pode ser uma opção de carreira”, afirma Marina Mansur.

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Perspectivas para o futuro

O ano de 2022 traz incerteza econômica e geopolítica para startups e unicórnios, com vários efeitos negativos como, por exemplo, PIB e valuations sendo corrigidos para baixo. E isso afeta os investimentos.

Mas, segundo Marina Mansur, o fluxo de capital continuará existindo: “Principalmente venture capital. Acho que é um mercado que veio para ficar, ainda que os investimentos aconteçam de forma um pouco mais cautelosa”.

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Isso significa que, provavelmente, os valuations devam diminuir também. “Essa redução não acontece ao longo do ciclo de uma vez, né?”, pondera Marina. “Ciclos de early-stage ainda não sofreram essa correção de valuation.” Isso deve ocorrer gradualmente e impactar o ciclo como um todo.

Cautela como ajuste de rota

Os empreendedores não devem interpretar a exigência por cautela como um balde de água fria. Segundo Mariana, o que se espera, neste momento, é um ajuste de rota. O mercado brasileiro estaria passando apenas por um processo natural de amadurecimento, que foi acelerado em função dos fatores macroeconômicos dos últimos anos.

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“O Brasil continua sendo um país incrível para empreender, um país com problemas complexos, margens altas, indústrias altamente concentradas e nível de serviços muito baixos também”, ressalta ela. “Essa é a receita perfeita para alguém que quer empreender e fazer uma disrupção nos mercados existentes. Trazer soluções para todos esses problemas.”

Esse conjunto de fatores poderia pavimentar caminhos mais sólidos para a inovação no Brasil: “Talvez a gente tenha uma quantidade menor, mas, certamente, uma qualidade maior. E qualidade se resume em empreendedores mais experientes, teses mais comprovadas”.

Oportunidades para empreendedores

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O Brasil ainda está na retaguarda frente aos países onde os mercados digitais estão mais maduros. Mas há, segundo Marina, nichos que merecem uma atenção especial por aqui. “Acho que a primeira oportunidade é a digitalização”, afirma. As duas outras seriam sustentabilidade e web3.

 “Se você quiser empreender, acho que o grande recado é: tenha uma tese clara, busque lucratividade num prazo mais curto e tente empreender com pessoas mais experientes”, recomenda Marina. “A gente vê que empreendedores experientes, com teses mais provadas, têm muito mais acesso de capital.”

Crise de talentos

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Para conseguir aproveitar os ingredientes disponíveis para uma receita de sucesso em inovação, o Brasil precisará lidar com a chamada crise de talentos. A demanda do mercado por profissionais formados em cursos na área de tecnologia é ainda muito maior do que a oferta.

“Se a gente continuar formando na velocidade que a gente forma, e as startups e as empresas incumbentes, que são empresas consolidadas fazendo as  suas transformações digitais, se isso continuar acontecendo, a gente vai ter um gap de mais de 1 milhão de vagas não preenchidas, simplesmente porque esses talentos não existem”, ressalta Marina.

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