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À revelia da liderança do PSL, major Vitor Hugo anuncia apoio de bancada à Previdência

A reunião do partido que culminou no anúncio teve um pouco mais da metade da bancada e não teve total convergência em apoiar a proposta

Por Renato Onofre
Atualização:

BRASÍLIA - À revelia da liderança do PSL na Câmara dos Deputados, o major Vitor Hugo (GO), líder do governo na Câmara, atropelou a discussão interna e anunciou o apoio da bancada à proposta da Previdência encaminhada pela equipe econômica. O anúncio intempestivo ocorreu após o líder do PSL, delegado Waldir (GO), afirmar que não havia consenso no partido pela proposta.

Major Vitor Hugo, líder do governo na Câmara, atropelou a discussão interna. Foto: Dida Sampaio/Estadão

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A reunião do PSL que culminou no anúncio do Major Vitor Hugo teve um pouco mais da metade da bancada e não teve total convergência em apoiar a proposta. "A maioria absoluta aqui presente me autorizou a verbalizar que nós fechamos com a reforma, com a construção da nova Previdência", afirmou o líder do governo. 

Dois dos principais atores do partido na Câmara não estavam presentes. O líder do PSL, delegado Waldir, que na véspera anunciou que o PSL não havia fechado questão com a reforma e que o partido aguardava o governo "mostrar a faca" para descascar o "abacaxi" da proposta, e a líder do governo no Congresso, Joice Hasselmann, que já havia criticado a falta de formalização do apoio.

A reunião foi realizada no apartamento da deputada Carla Zambelli (SP) e contou com 30 parlamentares. O major minimizou as ausências. "Sabemos que vai haver alterações, mas estamos convictos de que o PSL está fechado com a Previdência e também com o pacote anticrime do (ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio) Moro”, disse.

Nos últimos dias, o PSL se dividiu em dois. Um grupo mais ligado ao governo Bolsonaro tem defendido publicamente adesão automática à reforma. Entre os líderes desse movimento está deputa Carla Zambelli e Bia Kicis. Do outro lado, os independentes ou parlamentares de origem partidária que vem a necessidade do governo abrir mais espaço ao PSL. Este último, liderado pelo delegado Waldir e o presidente da legenda, Luciano Bivar

“Foi um movimento muito importante para nós aqui. Todos os deputados e deputadas presentes puderam expressar os seus posicionamentos e a gente tem certeza que a partir de agora o PSL vai fazer com que nossas angústias internas sejam resolvidas internamente e vamos externar um discurso único para fora, em prol da nova Previdência”, afirmou.

No domingo, um grupo de parlamentares externaram no grupo de WhatsApp do PSL a insatisfação com o governo. Entre os mais cobrados estavam Joice Hasselmann e o major Vitor Hugo. Entre os pontos de reclamação está a falta de interlocução do partido dentro do governo, ausência de uma estratégia de comunicação na Casa e "afago" por parte do presidente. Bolsonaro só recebeu a bancada uma vez desde que assumiu a Presidência. 

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Nesta terça-feira, 26, líderes de treze partidos assinaram um compromisso com a aprovação da reforma da Previdência, mas ressaltando que rejeitam dois pontos específicos do projeto do governo: a mudança no Benefício de Prestação Continuada, que atende a pessoas com deficiência, e as alterações nas regras da aposentadoria rural