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A volta do financiamento de carros em 80 prestações

Planos estão tão longos quanto os do período pré-crise

Por e Paulo Justus
Atualização:

Sem o fantasma de quebradeira e risco de inadimplência que assustou o mercado financeiro nos últimos meses, os bancos retomaram a acirrada disputa pelo financiamento de carros zero-quilômetro. Desde a semana passada, várias instituições anunciaram redução dos juros e ampliação de prazos em até 72 meses. Ontem, foi a vez do Bradesco, responsável por 25% dos financiamentos de carros novos no País, lançar planos em até 80 meses. O mercado praticamente volta às condições oferecidas antes da crise, quando a maior parte das ofertas era de até 84 parcelas. Algumas financeiras chegaram a trabalhar com 99 meses, mas houve pouca adesão de clientes. A melhora da situação econômica possibilitou as mudanças, diz o diretor executivo do Bradesco, Ademir Cossiello. "A manutenção do nível de emprego e a inadimplência controlada baratearam o custo do dinheiro." Os bancos das montadoras ainda não aderiram a essa tendência, mas devem segui-la em breve, admite o presidente da Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef), Luiz Montenegro. Segundo ele, os bancos filiados à entidade operam com prazo máximo de 60 meses, "mas a maioria deve seguir o caminho da ampliação." Montenegro lembra que os juros hoje estão até mais baixos que os cobrados no período pré-crise, entre junho e julho, de 1,63% ao mês. No meio da crise, passou a 1,8% e, em março passado, estava em 1,65%. "Certamente quando divulgarmos um novo balanço já estará abaixo disso." O Bradesco reduziu a taxa mínima do crediário de 12 meses de 1,52% para 1,2%, porcentual igual ao praticado no início de 2008. Cossiello diz que há espaço para uma redução maior dos juros, "na medida em que haja redução da Selic." O grau de restrições para financiamentos de carros zero também diminuiu. Na crise, as financeiras exigiam o comprometimento máximo de 10% da renda do cliente com as parcelas. Hoje, a exigência voltou aos 30% exigidos antes da crise. Apesar dos planos mais longos, o mais procurado pelos consumidores é o de 60 meses, informam as instituições financeiras. Os juros nos planos atuais estão muito próximos para prazos de 60 e 72 meses, entre 1,5% e 1,8% ao mês. Na simulação feita pelo economista Ayrton Fontes, da MSantos, para um Celta no valor de R$ 29,9 mil, com entrada de 20%, as 72 prestações saem por R$ 465. Sem entrada e em 60 meses, teria parcelas de R$ 589. O mercado de carros novos vendeu, até a primeira quinzena de maio, 1,014 milhão de unidades, apenas 1,8% a menos do que os volumes de igual período de 2008.

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