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Abilio adia renúncia ao conselho da BRF

Reunião do colegiado foi suspensa após dez horas de embates e impasses nas negociações finais; conselho voltará a se reunir nesta sexta-feira

Foto do author Renata Agostini
Por Renata Agostini e Monica Scaramuzzo
Atualização:

O empresário Abilio Diniz adiou a decisão de renunciar à presidência do conselho de administração da BRF, dona das marcas Sadia e Perdigão. O plano era que ele anunciasse sua saída nesta quinta-feira, 5, em reunião do colegiado. Houve, contudo, impasse nas negociações finais e, após cerca de dez horas de deliberações, a reunião foi suspensa e será retomada nesta sexta-feira, 6, pela tarde.

Durante a reunião, Abilio também questionou o fato de o representante da Petros, o advogado Francisco Petros, não ter comparecido. Foto: Amanda Perobelli/Estadão

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Abilio decidiu não referendar o acordo costurado com os fundos de pensão do Banco do Brasil (Previ) e da Petrobrás (Petros) antes que se votasse autorização para um prêmio de retenção aos principais executivos no valor de cerca de R$ 40 milhões. Este ponto teve resistência da Petros, mas ganhou adeptos de outros acionistas, que defendem a manutenção dos atuais gestores para comandar o processo de recuperação da empresa, segundo pessoas familiarizadas com o assunto.

Abilio também questionou o fato de o representante da Petros, o advogado Francisco Petros, não ter comparecido. É que o acordo firmado previa a renúncia do empresário do posto de presidente e a saída de Francisco Petros do cargo de vice-presidente.

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Previ e Petros são os maiores acionistas da BRF, que não tem controle definido. Insatisfeitos com os sucessivos prejuízos da empresa, que registrou rombo de R$ 1,1 bilhão em 2017, os fundos ingressaram em fevereiro com pedido de realização de uma assembleia para destituir o atual conselho, liderado por Abilio.

Para abreviar o desgaste de um conflito societário, costuraram um acordo, no qual Abilio deixaria o colegiado, mas ganharia o direito de indicar duas pessoas para o novo conselho – sua sócia, Flavia Almeida, e um conselheiro independente.

O plano era que o ex-ministro e herdeiro da família fundadora da Sadia, Luiz Fernando Furlan, pudesse assumir interinamente a presidência do conselho. Fontes afirmaram que Furlan até aceitaria o cargo se fosse definitivo, mas teria descartado ficar “com o mandato tampão”. Um grupo de acionistas defende que o representante da Previ, Walter Malieni, assuma a interinidade. Mas, segundo fontes, ele resiste à ideia.

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Augusto Cruz, apresentado pela chapa formada pelos fundos que deverá ser colocada em votação no dia 26, ainda permanece como opção para suceder Abilio de forma definitiva na presidência do conselho.

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Hoje, caso o impasse se mantenha, Previ e Petros terão de decidir se insistem na votação da chapa já apresentada. Os fundos têm vantagem na disputa: têm 22% da empresa e já angariaram apoio de outros investidores, como o fundo britânico Aberdeen, enquanto Abilio Diniz possui apenas 4%, por meio da Península Participações. Procurados, Abilio, BRF, Francisco Petros, Petros, Previ e Walter Malieni não comentaram.

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