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Abismo fiscal afeta menos a economia dos EUA que o esperado

Por JASON LANGE
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A economia norte-americana mostrou sinais surpreendentes de resistência em novembro, apesar do abismo fiscal, com os gastos dos consumidores subindo para o maior nível em três anos e o aumento de um indicador de investimentos empresariais. Os gastos dos consumidores subiram 0,6 por cento no último mês quando ajustados à inflação, enquanto novos pedidos de bens de capital --uma referência para os planos de investimentos das empresas--, excluindo os setores de defesa e aéreo, avançaram 2,7 por cento, informou o Departamento do Comércio nesta sexta-feira. Economistas previam enfraquecimento nos planos de investimento, com preocupações de que legisladores e a Casa Branca possam falhar em chegar a um acordo para evitar o abismo fiscal, pacote de aumentos de impostos e cortes de gastos programado para entrar em vigor em janeiro. Os analistas também alertavam que os consumidores segurariam gastos à medida que o final do ano se aproximasse. Mas os dados desta sexta-feira sugeriram que a maioria de consumidores e empresários não expressou grande preocupação com o abismo fiscal, pelo menos, em novembro. "Parece que o iminente abismo fiscal não tem sido tão perturbador como temíamos", avaliou o economista Paul Ashworth, da Capital Economics, em Toronto. Outro relatório deu grandes motivos para cautela, com a confiança do consumidor caindo em dezembro, com as famílias aparentemente abaladas com as negociações em andamento para atenuar o aperto fiscal programado, que poderia facilmente desencadear uma recessão nos Estados Unidos no próximo ano. O índice final de confiança do consumidor da Thomson Reuters em conjunto com a Universidade de Michigan caiu para 72,9, ante 82,7 um mês antes. Economistas previam 74,7. QUARTO TRIMESTRE Economistas ainda esperam o esfriamento do crescimento econômico no quatro trimestre, com as empresas diminuindo o ritmo com que recolocam estoques nas prateleiras, mas os dados divulgados nesta sexta-feira sugerem que os consumidores estão compensando alguns sinais de arrefecimento. "A economia está se segurando aqui no fim do ano, apesar das preocupações sobre o abismo fiscal", disse o estrategista econômico do Wells Fargo Advisors em St. Louis Gary Thayer. Os gastos dos consumidores estão a caminho de crescer a uma taxa anualizada de 2,2 por cento no quarto trimestre, ritmo mais veloz que nos três meses anteriores, disse Michael Feroli, econimista do J.P. Morgan em Nova York. A empresa de previsões econômicas Macroeconomics Advisers elevou sua estimativa para o crescimento do quarto trimestre para uma taxa anualizada de 1,4 por cento. Muitos economistas acreditam que empresários, temerosos ante o abismo fiscal, que reduziria o déficit fiscal da nação em quase metade em um ano, diminuiriam seus gastos. No entanto, encomendas de bens duráveis subiram 0,7 por cento em novembro, com altas em maquinário, produtos fabricados de metal e eletrônicos e computadores compensando perdas na aviação. (Reportagem adicional de Ellen Freilich em Nova York)

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