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ABN-Amro reduz projeções para o varejo

Analista do ABN-Amro prevê queda nas vendas do setor varejista e também impactos negativas sobre as taxas de inadimplência por causa da crise na Argentina. O crescimento de 18% previsto para o ano é reavaliado para 1,8%.

Por Agencia Estado
Atualização:

O setor de varejo no Brasil deve sofrer fortes influências da crise da economia argentina. O ABN-Amro estima que o "efeito tango" deve comprometer a confiança do consumidor brasileiro. Por conta dos efeitos da incerteza em relação ao país vizinho, o analista Rolando Calderon revisou para baixo suas projeções para o setor varejista. As expectativas apontam para queda brusca nas vendas, especialmente no conceito "mesmas lojas", que compara aumento de vendas em lojas já existentes. O ABN reavaliou a projeção de crescimento nesse conceito, que passou de 1% para estabilidade. No total, as vendas do varejo devem crescer 1,8% em dólar este ano, ante estimativas iniciais de18%. A redução das estimativas de vendas foi creditada, em parte, ao sentimento de cautela do consumidor por causa da inversão da trajetória do juro no País. Outro fator determinante, de acordo com o ABN, é a depreciação do real em relação ao dólar. No ano, a taxa básica de juros subiu de 15,75% no início de janeiro para 16,75% no mês passado. O real teve desvalorização superior a 23% em 2001. A alta na taxa de juros traz aumento da inadimplência e dos custos de financiamento das empresas, segundo estudo divulgado nesta semana pelo ABN. O analista destaca que os varejistas vinham encorajando vendas a prazo e concedendo crédito, apostando na manutenção da queda do juro primário. Previsão para as três principais do setor As empresas com vendas de bens duráveis a crédito - especialmente eletroeletrônicos - devem sofrer mais com a inadimplência. Exemplo disso é a Globex - controladora do Ponto Frio -, que não deve ter suas vendas afetadas significativamente, mas pode sofrer com a inadimplência. No fim do primeiro trimestre deste ano, as vendas a crédito somaram 63% do total. O analista reduziu o preço-alvo dos papéis de R$ 29 para R$ 21,40, o que indica um potencial de alta de 19,61% em relação ao último negócio, sem definição de período. Mas mudou a recomendação das ações de redução nas carteiras para manutenção. O Pão de Açúcar, que tem a maior diversidade de produtos, deve seguir observando o aumento da participação de mercadorias de marca própria nas vendas. Na avaliação do ABN, por serem mais baratos, esses produtos ganham escala. Apesar disso, a companhia deve continuar sentindo os efeitos da deflação nos alimentos perecíveis - como hortifrutigranjeiros. O analista do ABN manteve a recomendação de compra para as ações da companhia. O preço-alvo é de R$ 79,45, sinalizando a possibilidade de variação positiva de 45,24% em relação ao fechamento de sexta-feira, sem definição de período. As Lojas Americanas devem ser afetadas com maior intensidade pela queda nas vendas. Seu mix de produtos é capitaneado por mercadorias consideradas supérfluas, como CDs, lingerie e brinquedos. Em tempos de cautela no consumo, tradicionalmente os produtos que não caracterizam primeira necessidade são os primeiros a serem cortados da lista de compras. Mesmo com essa perspectiva, os analistas do ABN recomendam a manutenção das ações em carteira, e o preço-alvo foi estimado em R$ 2,50, que projeta ganho de 15,20% em relação ao último negócio, sem definição de período. Os especialistas acreditam que os papéis das Lojas Americanas estão subvalorizados e abaixo da performance esperada.

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