PUBLICIDADE

Publicidade

Abrapa quer impedir importação de algodão transgênico

A Abrapa quer impedir a importação de algodão geneticamente modificado pela indústria, considerando que a produção desse tipo de produto não é permitida no Brasil

Por Agencia Estado
Atualização:

A Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) quer impedir a importação de algodão geneticamente modificado pela indústria, considerando que a produção desse tipo de produto não é permitida no Brasil. Para tanto, o diretor da entidade, Jorge Maeda, solicitou hoje ao ministro da Agricultura, Pratini de Moraes, que o Ministério passe a exigir certificado de origem do algodão que ingressar no País. Nesse certificado deverá constar, além da procedência, a garantia de que o produto adquirido é cultivado de forma convencional. A solicitação da Abrapa atinge em cheio os países exportadores, como os Estados Unidos, onde predomina o cultivo de algodão geneticamente modificado, e que vem concedendo altos subsídios a sua produção local. A medida também ocorre no momento em que a Câmara de Comércio Exterior (Camex) decidiu adiar a decisão de recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) contra a política americana de subsídios ao produto, que vem contribuindo para reduzir os preços no mercado internacional. O presidente da Abrapa disse que não tem sentido os produtores brasileiros estarem perdendo competitividade, porque não podem plantar o produto geneticamente modificado, e a indústria poder comprar esse tipo de algodão. Opção A Abrapa, segundo Jorge Maeda, defende a regulamentação do cultivo de transgênicos no Brasil, para que o produtor possa escolher a modalidade de plantio que achar mais conveniente. "Queremos que o produtor possa escolher entre o transgênico, o convencional e o orgânico", afirmou. Segundo ele, a importação de algodão nesta safra deverá ser de 120 mil toneladas. A importação, explicou, ocorrerá exatamente porque o área de algodão no Brasil terá uma redução de 15% em relação ao ano passado, provocada pelos preços baixos e pela perda de competitividade. "Os preços estão sendo derrubados pelos subsídios dos países ricos como os Estados Unidos, e a competitividade reduzida porque o produtor está impedido de plantar transgênico", salientou. O custo da produção de transgênicos é 40% menor que no cultivo tradicional, conforme o Ministério da Agricultura. Maeda disse que a exigência do certificado de origem não irá dificultar o suprimento da indústria, porque todos os países exportadores Estados Unidos, Austrália e Índia, entre outros, - são obrigados a cultivar 30% de sua produção pelo método convencional para preservar o equilíbrio ecológico. A indústria, no entanto, terá que pagar mais caro por esse produto. Conama O presidente da Abrapa também criticou a decisão do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), aprovada ontem, que retirou da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio, o poder de dispensar licenciamento prévio para os produtos geneticamente modificados. Segundo o presidente da Abrapa, é preciso definir quem manda na área de transgênicos. Na avaliação dele, a decisão do Conama contraria a posição do governo federal de regulamentar o cultivo e a comercialização desse tipo de produto. Durante a audiência com Pratini de Moraes a direção da Abrapa também solicitou maior apoio ao setor por meio de reajuste de preço mínimo e de aumento das operações de Prêmio Escoamento Produto (PEP) para o próximo plano de safra (2002/03), que está sendo elaborado. Jorge Maeda disse que os produtores querem receber R$ 36,00 pela arroba do algodão em pluma em vez dos atuais R$ 30,32. Para as operações de PEP a entidade quer 400 mil toneladas, ou seja, o dobro da operações ofertadas neste ano pelo governo. Também defendeu maior rapidez na elaboração do projeto que prevê a instituição do seguro de renda para o produtor rural. Este projeto foi enviado pelo Ministério da Agricultura para análise do Ministério da Fazenda.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.