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Abyara negocia venda para polêmico bilionário espanhol

Renegociação da dívida, agora em fase final, abriria caminho para o desfecho da operação

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À procura de sócios desde novembro do ano passado, a incorporadora Abyara negocia a venda do controle para o bilionário empresário espanhol Enrique Bañuelos, que chegou a ser um dos 100 homens mais ricos do mundo em 2007 e hoje é visto como uma "estrela fugaz" do mercado imobiliário daquele país. As conversas encontram-se em estágio avançado, segundo fontes próximas ao negócio. A venda dependia da renegociação das dívidas da Abyara, que no fim do ano passado já estavam acumuladas em R$ 444 milhões, sendo R$ 245 milhões com vencimento em 2009, o que tornava o futuro da incorporadora inviável. Parte do problema, no entanto, está perto de ser solucionado. Os sete bancos - Bradesco, Unibanco, HSBC, UBS Pactual, Votorantim, Fibra e ABC - envolvidos na renegociação já teriam aceitado terrenos (que ainda não foram incluídos em novos projetos) e dado um prazo de três anos para o grupo retomar o pagamento. O novo dono entraria na empresa com parte da dívida já quitada. Mas, a julgar pela personalidade do comprador, o desfecho dessa operação é imprevisível. Com fama de aventureiro e especulador, Bañuelos desistiu da compra do complexo hoteleiro da Costa do Sauipe, na Bahia, no dia da assinatura do contrato, quando teria de desembolsar 70 milhões (cerca de R$ 200 milhões). No domingo passado, o diário espanhol El Mundo publicou uma extensa reportagem sobre o empresário e suas ambições no Brasil. Segundo a matéria, ele teria escolhido o País para dar a volta por cima - Bañuelos saiu do nada para se tornar a terceira maior fortuna da Espanha em menos de uma década, e levou sua empresa (Astroc) à concordata no ano passado, com o estouro da bolha imobiliária naquele país. Atualmente vive no ostracismo, não dá entrevistas e é processado pela Justiça espanhola por administração desleal e por manipulação das ações da Astroc. A empresa que reconstruirá seu império é a CV Capital e tem cerca de 10 funcionários. Ciceroneado pelo empresário brasileiro Israel Klabin, o espanhol tem feito viagens constantes a São Paulo e Rio de Janeiro desde outubro, a bordo do seu jato particular, um Falcon 900. Seu objetivo, segundo a reportagem, é formar uma holding com seis a dez empresas imobiliárias. Além da Abyara, o jornal cita Tecnisa, Rossi, Klabin Segall e Even como alvos. Como o empresário saiu arruinado da crise, a grande dúvida é a origem do dinheiro para bancar o novo projeto. A reportagem do El Mundo relembra que a Astroc foi construída do nada: "Sua estratégia de negócio foi especular com terreno - comprar barato para vender caro. Utilizando informação privilegiada, adquiriu milhões de metros quadrados de solo rústico que se requalificaram." SANGRIA A Abyara converteu-se numa das maiores pechinchas do setor. Suas ações caíram mais de 90% no ano passado. Quando foram compradas pelo fundo imobiliário do Morgan Stanley, em abril de 2007, estavam cotadas a R$ 20,60. Ontem, valiam mais de dez vezes menos. Há vários meses os controladores - Arnaldo Curiati, Celso Minoru, Emilio Westermann e o fundo do Morgan Stanley - procuram soluções para estancar a sangria do caixa. Em agosto, venderam 51% da corretora para a BR Brokers por R$ 250 milhões, metade do valor previsto. Mas parte do pagamento foi feito em ações, ou seja, nem todo o dinheiro entrou no caixa da Abyara. Essa medida não foi suficiente. Logo depois dela, vieram outras. Em novembro, a Abyara decidiu vender ativos para fazer caixa. Se desfez de alguns terrenos e saiu de empreendimentos em que atuava em parceria com outros incorporadoras, como Agra e Bueno Netto. Menos de uma semana depois, demitiu funcionários e suspendeu lançamentos até que a demanda por novos imóveis e as linhas de crédito fossem restabelecidas. NÚMEROS R$ 444 milhões é o valor da dívida da Abyara, boa parte com vencimento em 2009 7 bancos renegociam a dívida da incorporadora. São eles: HSBC, Bradesco, UBS, Unibanco, Votorantim, Fibra e ABC US$ 8 bilhões era a fortuna do espanhol Enrique Bañuelos em 2007, segundo a revista Forbes, antes de sua empresa virar pó na bolsa e entrar em concordata

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