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'Acabar com o Mercosul não é a opção; precisa ser redesenhado'

Para a superintendente, da CNA, o País precisa voltar às negociações no âmbito multilateral,como as da OMC

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Por Redação
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BRASÍLIA - A crise financeira internacional, trazendo a reboque importações menores de países desenvolvidos e uma nova gama de acordos comerciais regionais, mudou a cabeça do agronegócio. Antes resistente a negociações mais amplas, o produtor brasileiro influenciava a posição do Brasil no exterior defendendo o fim dos subsídios agrícolas dos países desenvolvidos. Hoje, não vê o apoio estatal a agricultores europeus e norte-americanos como óbice intransponível e defende maior diálogo com grandes economias para abrir mercados e criar relacionamento privilegiado. Leia os principais trechos da entrevista com Alinne Betania Oliveira, superintendente-adjunta de Relações Internacionais da Confederação Nacional da Agricultura: O Brasil privilegia o Mercosul, atualmente imerso em problemas. É preciso mudar a política comercial do País? Acabar com o Mercosul não é uma opção, você precisa redesenhar como o Mercosul funciona para o País, não só a agenda como a estratégia. Uma revisão da importância, do nosso tratamento, seria um pilar da nossa estratégia comercial. A gente precisa voltar às negociações no âmbito da OMC, você não vai conseguir negociar barreiras não tarifárias e tarifárias em negociações bilaterais necessariamente. Para o setor agrícola, as negociações multilaterais são muito importantes porque os maiores ganhos viriam daí. O Brasil sempre resistiu a subsídios agrícolas. O que mudou? É claro que você sempre quer competir com os outros em igualdades de condições. O que houve no Brasil foi uma maturação do entendimento e do discurso. Você não precisa estar 100% de acordo com os parceiros para negociar. Um relacionamento maduro é quando você pode trazer para a mesa de negociações desacordos, aí conversa. Os subsídios, novas políticas agrícolas, a gente está observando, mas isso não significa que não são nossos amigos. Quando você negocia não é apenas acesso ao seu mercado, mas maior entendimento, transparência, canais privilegiados de solução de controvérsias. Se o setor privado brasileiro quer, o governo diz querer e os estrangeiros também defendem acordo, onde estamos falhando? Falta a priorização da política comercial dentro do governo. Às vezes a gente quer fazer várias coisas, não consegue e coloca em ordem de prioridade. Talvez o acordo não esteja na prioridade que deveria estar. Para a gente no setor privado é prioridade absoluta. 

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