Publicidade

Ação da TIM sobe com rumor de venda

Segundo jornal italiano, operadora pode ser adquirida pela Telefónica

Por Renato Cruz e Michelly Teixeira
Atualização:

As ações com direito a voto da TIM Participações dispararam ontem e fecharam com valorização de 18,44%, cotadas a R$ 7, apresentando a maior alta do Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa). Os papéis foram impulsionados pela notícia publicada pelo jornal italiano Il Sole 24 Ore de que Franco Bernabè, presidente-executivo da Telecom Italia, solicitou ao conselho da administração que avalie a venda da TIM Brasil por 7 bilhões. De acordo com o jornal, o candidato natural à compra da TIM Brasil seria a espanhola Telefónica, que faz parte do grupo de controle da companhia. Ela tem 42,3% do consórcio Telco, integrado também por instituições financeiras italianas, e que conta com 24,5% do capital da Telecom Italia. A operadora italiana marcou duas reuniões do conselho para 2 de dezembro, uma para falar sobre a venda da TIM Brasil e outra para aprovar o plano de investimentos e tratar da venda de outros ativos. No Brasil, a Telefónica tem 50% da Vivo, operadora celular que concorre com a TIM em todo o território nacional. A outra metade pertence à Portugal Telecom. A possibilidade de a Telefónica unir a Vivo e a TIM (respectivamente, a primeira e a terceira operadora celular do mercado) já preocupa a concorrência. Juntas, as duas empresas formariam um gigante com 78,8 milhões de assinantes e 54,4% de participação no mercado celular. Em São Paulo, elas teriam uma fatia de 62,7%. "Seriam criados dois monopólios: um em São Paulo, da Telefônica, e outro no restante do País, da BrOi", criticou uma fonte, que não quis se identificar. A compra da Brasil Telecom (BrT) pela Oi, que se encontra em análise pela Anatel, poderia facilitar a aprovação da aquisição pela Telefônica. "A situação é bem diferente, porque, no caso Oi e BrT, não existe sobreposição de áreas de atuação", afirmou outra fonte. A regulamentação do setor não permite que uma empresa controle duas operadoras de telefonia móvel na mesma área, como é o caso da Vivo e da TIM, mas é possível ao comprador devolver uma licença, com suas freqüências, à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), mantendo os clientes. Foi o que fez a Oi quando comprou a Amazônia Celular. A operadora devolveu uma das licenças, com suas freqüências, e migrou os assinantes. Mas, nesse caso, a densidade de usuários era bem menor do que, por exemplo, em São Paulo, e a nova empresa ficou com cerca de 30% de participação. A Telefónica enfrentaria dificuldades técnicas de acomodar os assinantes da Vivo e da TIM nas freqüências de uma só licença. Também seria difícil aprovar a operação no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). A Telefónica tem necessidade estratégica de integrar uma empresa de telefonia móvel à sua operação fixa em São Paulo, como fazem a BrT e a Oi em suas respectivas áreas de concessão. A decisão, no entanto, está sendo precipitada pela situação financeira da Telecom Italia, que tem dívidas de 35,77 bilhões e dificuldade de levantar recursos. Em Roma, uma fonte da Telecom Itália afirmou à agência Dow Jones que a empresa considera a TIM Brasil um ativo central e que não a colocaria à venda. "O Brasil é um dos pilares da presença internacional da Telecom Italia", disse a fonte. A TIM e a Telefónica preferiram não comentar o assunto. Além da opção de unir a TIM e a Vivo, a Telefónica poderia vender sua participação em uma das operações. Tanto a analista de telecomunicações da corretora Brascan, Beatriz Batelli, como outros dois especialistas que preferiram não se identificar, observaram que há muitos entraves - regulatórios e concorrenciais - para uma eventual venda da TIM Brasil à Telefónica. NÚMEROS 18,44% foi a alta das ações ordinárias da TIM na Bolsa de São Paulo ? 7 bilhões seria o preço da TIM Brasil, que tem como candidata natural à compra a Telefónica ? 35,77 bilhões é a dívida da Telecom Italia

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.