Publicidade

Ação estrangeira é alternativa para investir, mas opções são limitadas

De olho nesse vazio, ex-executivo da XP vai lançar plataforma que facilitará aplicações no mercado externo

Foto do author Anna Carolina Papp
Por Anna Carolina Papp
Atualização:

As alternativas do varejo para quem quer pôr o pé no mercado de ações negociadas no exterior ainda são limitadas. Muitos fundos com essa estratégia fazem exigências restritivas, como aportes iniciais, o que acaba inibindo o pequeno investidor. De olho nesse público, mais corretoras com foco em papéis lá de fora tentam aproximar o brasileiro desse mercado. 

Ex-executivo da XP, Lee quer 'democratizar' investimento no exterior com a Avenue 

PUBLICIDADE

A Avenue Securities, que começa a operar em novembro, promete deixar o investidor comprar e vender ativos de bolsas americanas sem ser preciso abrir conta lá fora ou fazer remessas internacionais. O foco da plataforma é o varejo – e não haverá valor mínimo para aportes. A empresa quer ser uma corretora americana para a América Latina, com interface em português e espanhol, via site ou aplicativo.

Saídas para o inadimplente não perder o imóvel

Com a Avenue, Roberto Lee, ex-executivo da XP, tem a ambição de ampliar o acesso ao mercado externo. O investidor comprará diretamente mais de 3 mil ações e de 1 mil ETFs de renda fixa e variável. A empresa também terá um “braço” brasileiro para operar câmbio. Funcionará assim: o investidor transferirá o valor para a Avenue, que enviará o montante correspondente em dólar para a corretora, que vai cobrar um spread em torno de 2%. 

Isso é necessário porque as negociações serão em dólar. Para resgatar, o montante é convertido em reais e o dinheiro cai na conta bancária local do investidor. A Avenue enviará informes de rendimento e o valor deverá ser declarado como ganho no exterior, com IR de 15% e pagamento via carnê-leão.

Opções atuais. Hoje, há duas opções para quem tem interesse nesse tipo de investimento: os ETFs, fundos que replicam índices, e os recibos de ações de empresas estrangeiras ( BDRs). “Só compensa investir diretamente no exterior com patrimônio a partir de R$ 1 milhão”, avalia Michael Viriato, que é professor de finanças do Insper. Quem tem menos de R$ 1 milhão para investir só tem acesso a oito opções de papéis – os chamados BDRs patrocinados –, como os da Dufry e da Biotoscana. 

A alternativa mais viável, então, é adquirir um ETF com índice estrangeiro, como o S&P 500, que replica o desempenho das 500 empresas mais relevantes dos Estados Unidos. A cota do iShares S&P 500, por exemplo, está na faixa dos R$ 120, e o lote mínimo é de dez cotas. A alta desse investimento acumulada em um ano é de 46%.

Publicidade

Nesse caso, o investidor pode comprar seus ETFs “gringos” diretamente ou aplicar em robôs, que usam algoritmos para montar carteiras customizadas. A partir desta segunda-feira, 01, a Magnetis passará a alocar recursos no ETF VGT (Vanguard Information Technology), que replica o desempenho das principais empresas de tecnologia dos Estados Unidos, como Apple, Google e Microsoft. As carteiras que têm posições em renda variável da fintech passarão automaticamente a possuir exposição em ações no exterior. Além do fundo de índice de tecnologia, o robô também alocará recursos em um ETF que replica o S&P 500.

As plataformas Warren, Vérios e Monetus também oferecem fundos que replicam índices estrangeiros.

Comprar papéis de outros países é uma boa alternativa para quem quer investir em empresas de tecnologia ou de entretenimento, segmentos que ainda têm pouca representatividade na Bolsa brasileira.

O que saber antes de aplicar em Títulos do Tesouro

CONTiNUA APÓS PUBLICIDADE

Recibos. Atualmente, são negociados na Bolsa pouco mais de 100 recibos de ações de empresas estrangeiras, os chamados BDRs (Brazilian Depositary Receipts). Mas, para comprar a maioria deles – como os populares Google, Amazon e Coca-Cola – é preciso ser um investidor qualificado (ter ao menos R$ 1 milhão em aplicações). Quanto aos ETFs, a B3 oferece apenas duas opções do mesmo indicador, o S&P 500.

Quem quer investir em BDRs também acaba ficando exposto às flutuações do câmbio, pois os preços dos ativos em reais variam seguindo a cotação da moeda americana. Em períodos de alta volatilidade, como o que o País enfrenta atualmente, esse impacto é ainda maior. Desde o início do ano até o fim de setembro, o dólar negociado à vista subiu mais de 22%.

Viriato, do Insper, acredita que o apetite externo dos investidores deve crescer, mas é preciso cautela. “Diversificar não significa ganhar mais; não é só colocar em aplicações diferentes. Deve-se atentar para o melhor potencial de retorno e a menor correlação entre os ativos: como eles variam conjuntamente.

Publicidade

Ponte aérea. Faz um ano e meio que o ex-executivo da XP e fundador das corretoras WinTrade e Clear, Roberto Lee, vai e volta de Miami: uma semana lá, três aqui. Há quatro meses, porém, isso se inverteu: são três semanas lá e uma do lado de cá. A mudança para os Estados Unidos tem um propósito: lançar uma plataforma para tornar aplicações no exterior mais acessíveis aos investidores brasileiros, a Avenue Securities. 

“O mercado brasileiro ainda é muito pequeno. Tem um mundo lá fora ao qual só o cliente private tem acesso.” Para atrair clientes, ele vai apostar em conteúdo educacional. A empresa comprou uma produtora para veicular vídeos sobre o mercado americano e as principais empresas. Lee, que deixou a XP em 2017, também aposta em tecnologia para o novo negócio. Nas operações de remessa, a plataforma fará uso de Blockchain – rede usada pelas criptomoedas, como o bitcoin. 

A Avenue recebeu R$ 35 milhões de nomes de peso, como a Vectis Partners, de Paulo Lemann, Sérgio Campos, Patrick O’Grady e Alexandre Aoude, além de Carlos Ambrósio, da Claritas, e Christian Klotz, da Brasil Capital. A empresa está levantando mais R$ 10 milhões com dois novos investidores. / COLABOROU GABRIEL ROCA

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.