19 de outubro de 2010 | 00h00
O momento do anúncio de uma postura mais incisiva do governo na "guerra cambial" que ocorre mundo afora leva em conta dois fatores principais: o anúncio da emissão de dólares pelo Fed (o banco central americano), por meio da política de "afrouxamento quantitativo", e o fato de que a primeira elevação de IOF (para 4%) não causou o efeito esperado. A política do Fed, de reativar a economia dos EUA com a ampliação da oferta de dólares, é reconhecida pelo Brasil como o fator principal por trás da valorização do real e de outras moedas ao redor do mundo.
Com as medidas anunciadas, a equipe econômica agora vai observar a reação do mercado de câmbio. De qualquer forma, fontes do governo afirmam que o governo ainda tem opções extras de ação para conter a valorização do real em um mundo com o dólar em queda livre: "Temos um saquinho de maldades".
A opção de usar o IOF de 6% nas margens de garantias foi uma saída técnica da equipe econômica para driblar a restrição de taxar os derivativos diretamente, o que, segundo o ministro Guido Mantega, não seria possível. Ao encarecer as garantias - que não são derivativos, mas são parte essencial dessas operações na BMF&Bovespa - o governo tenta desestimular ações especulativas de estrangeiros no mercado futuro. A medida também foi alternativa à impossibilidade de a equipe econômica mexer diretamente nos requerimentos de garantias, o que cabe à Bolsa. Antes de anunciar as medidas, o ministro se encontrou com representantes da BMF&Bovespa, conforme o Estado antecipou na edição de sábado. A pressão contra a especulação no mercado futuro vai continuar, avisou uma fonte do governo.
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