09 de junho de 2015 | 02h03
Os números negativos são compatíveis com os dos Indicadores Industriais da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Como afirmou o gerente executivo de Política Econômica da CNI, Flavio Castelo Branco, "o quadro claramente é de recessão do setor industrial, com uma queda bastante significativa, especialmente nas horas trabalhadas e no faturamento". Por isso, afeta crescentemente o emprego.
O resultado da pesquisa do IBGE, pior que o previsto, reflete o impacto sobre a indústria da diminuição do consumo das famílias. A queda na produção "é um sinal vermelho", pois decorre da impossibilidade de os consumidores adquirirem os produtos desejados sem a elevação dos salários, notou o economista Thiago Bisculo, da RC Consultores.
Todas as categorias industriais registraram quedas entre os primeiros quatro meses de 2014 e de 2015, com destaque para bens de capital (-19,7%), o que indica menor disposição de investir e menores possibilidades de retomada, no futuro. Também caíram bens de consumo duráveis (-16%), bens de consumo semi e não duráveis (-6,8%) e bens intermediários (-2,9%).
O Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) notou que foi o pior quadrimestre da série histórica do IBGE, iniciada em 2003. Constatando a generalização e o aprofundamento da crise industrial, a Carta Iedi explica que, se anteriormente os determinantes da recessão no setor "concentravam-se na falta de competitividade interna e externa da produção industrial, em 2015 a reversão do consumo passa a assumir maior protagonismo".
Outros especialistas acreditam que houve continuidade da queda da indústria em maio, em razão do baixo índice de confiança dos empresários e do elevado nível dos estoques. Há, quando muito, exceções, como a da indústria extrativa mineral, que ainda registrou um crescimento de 1,5%, entre março e abril, e de 10,6%, entre os primeiros quatro meses de 2014 e de 2015.
A crise industrial avançou muito desde 2013 e ainda parece longe de ser estancada.
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