
27 de abril de 2016 | 03h00
O levantamento feito com 1.200 consumidores mostrou enorme deterioração das condições financeiras doas pessoas e falta de perspectivas quanto ao futuro, provocando comportamento defensivo das famílias, à semelhança do que já é observado nas empresas.
Entre março de 2014 e março de 2015 a pesquisa da ACSP já evidenciava uma piora generalizada da confiança dos consumidores, mas a situação se agravou muito nos últimos 12 meses. Em março de 2015, por exemplo, 38% dos entrevistados declaravam ter boa situação financeira, porcentual que recuou para 25% no mês passado. A situação financeira, que já era ruim para 35% das pessoas, atingiu 51% delas. Apenas 30% acreditam que as finanças vão melhorar (eram 46% em março de 2015), enquanto 34% acham que vão piorar (ante 18% em 2015).
A insegurança no emprego atinge 57% (eram 35% há um ano) e apenas 13% sentem confiança no emprego. Como decorrência do pessimismo, a disposição de comprar um eletrodoméstico caiu de 31% para 16%, enquanto aumentou de 39% para 62% a decisão de não adquirir produtos desse tipo.
Nos mesmos meses, diminuiu de 23% para 10% o porcentual dos que pretendem comprar carro ou casa e aumentou de 51% para 68% o dos que não comprarão esses itens. Os indicadores comprovam que o consumidor não quer se endividar para comprar bens duráveis e até para investir na aquisição da moradia própria, temendo não ter renda para honrar a prestação após os gastos obrigatórios para sustentar a família e pagar tributos e dívidas antigas.
O pessimismo dos consumidores afeta as lojas, o emprego no comércio, a compra de bens da indústria e o recolhimento de tributos – seja do ICMS devido aos Estados, seja dos impostos e contribuições cobrados pela União.
Se a confiança não for logo retomada, a recessão em 2016 será tão ou mais intensa que a de 2015, como prevê o último boletim Focus, do Banco Central. A troca de governo é, a esta altura, o fator de esperança.
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