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Repórter especial de economia em Brasília

Acerto de contas para corrigir pedaladas exigirá redução da meta fiscal de 2015

Governo desenha uma engenharia financeira para fazer um acerto de contas entre o Tesouro e o BNDES que deve somar R$ 24 bi

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Por Adriana Fernandes
Atualização:
O ministro do Planejamento, Nelson Barbosa Foto: André Dusek/Estadão

BRASÍLIA - Com a certeza de que vai perder em novo julgamento no Tribunal de Contas da União (TCU), o governo desenha uma engenharia financeira para fazer um acerto de contas entre o Tesouro Nacional e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para o pagamento de despesas com subsídios do Programa de Sustentação do Investimento (PSI). Essas despesas atualizadas somam cerca de R$ 24 bilhões.

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O TCU considerou que os subsídios foram "pedalados" (represados) pelo governo e mandou corrigi-los imediatamente. A União recorreu e aguarda o julgamento do Tribunal, o que deve ocorrer nos próximos dias. O relator é o ministro Vital do Rego.

Com o acerto de contas, o Tesouro pagaria a dívida com subsídios emitindo títulos públicos. Na outra ponta, o BNDES quitaria, com os títulos recebidos, parte dos juros dos empréstimos que tomou junto à União nos últimos anos, segundo apurou o Broadcast, serviço de informações em tempo real da Agência Estado. A operação deverá exigir o envio de uma Medida Provisória (MP) ao Congresso.

O acerto aumentará o déficit primário das contas do governo federal em 2015, o que levará a uma nova redução da meta fiscal deste ano. "Será preciso adaptar a meta fiscal", disse um integrante da equipe econômica. O tamanho da redução vai depender de quanto será "despedalado" até o final do ano.

Mas o efeito na dívida bruta será neutro, já que o pagamento de uma dívida neutraliza o outra. Por isso, a engenharia contábil é considerada positiva porque evitaria o aumento do endividamento bruto, um dos principais indicadores observados pelas agências de classificação de risco.

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Segundo um integrante da equipe econômica, apesar do impacto negativo em 2015, é melhor fazer logo o acerto de contas com o BNDES. Além dos subsídios ao PSI, o TCU mandou corrigir o pagamento de subsídios do crédito rural e dívida do Tesouro junto ao FGTS e outros passivos. A estimativa do TCU é que esses gastos pedalados somem cerca de R$ 40 bilhões.

A regra de pagamento dos subsídios foi definida em portaria de 2012, que determinou prazo de em 24 meses para a quitação após a sua apuração.

Antes dessa portaria não havia uma regra definida, mas na época o BNDES começou a cobrar uma data certa para o pagamento. Mesmo com portaria em vigor, o TCU considerou que o pagamento dos subsídios tinha sido represado para melhorar artificialmente as contas do governo.

Depois da decisão do TCU que recomendou ao Congresso Nacional a rejeição das contas da presidente Dilma, é dado como certo que os ministros vão manter a decisão de correção imediata das pedaladas. "O TCU vai só ratificar o que já decidiu em relação às contas de 2014", previu um fonte do governo.

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