A população da América Latina e do Caribe com maior poder aquisitivo e escolaridade é mais propensa a ter uma conta corrente, conta poupança e realizar empréstimos de instituições financeiras formais. Os dados são de pesquisa da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV EAESP), publicada nesta quarta-feira, 1º, na revista “Development in Practice”.
Com informações do banco de dados Global Findex de 2014 do Banco Mundial, o estudo mostra que os 20% mais pobres da região são menos propensos a ter uma conta corrente ou poupança em uma instituição financeira formal, mas estão mais propensos a emprestar dinheiro do que pessoas com renda mais alta.
Em relação à escolaridade, a pesquisa indica que pessoas que concluíram um curso superior de quatro anos são mais propensas a ter acesso a todos os indicadores de inclusão financeira presentes na pesquisa, além de fazerem três ou mais saques da conta do que aqueles que concluíram o ensino médio ou o ensino fundamental.
Segundo o estudo, apenas 44% das pessoas da região têm acesso a uma conta bancária formal. Em relação à conta poupança, o percentual desce para 14% da população.
“Na América Latina e Caribe, a proporção de indivíduos que possuem conta bancária é maior do que em outras regiões em desenvolvimento, mas ainda há bastante heterogeneidade. Por exemplo, a média para a América Latina e Caribe é de 44%, mas no caso brasileiro, 70% dos indivíduos possuem conta bancária”, comenta Victor Motta, um dos autores do estudo, à Agência Bori.
Obstáculos
Os principais obstáculos apontados para ter uma conta no banco são a falta de dinheiro (58%), o custo dos serviços financeiros (37%) e a falta de confiança nas instituições financeiras (24%), segundo a pesquisa.
Além disso, o estudo identificou que pessoas de níveis mais baixos de renda são mais propensas a apontar a falta de dinheiro como um obstáculo para a inclusão financeira. Da mesma forma, níveis mais baixos de escolaridade aumentam a probabilidade de apontar a falta de dinheiro como impedimento para a inclusão financeira.
Pessoas com níveis mais baixos de escolaridade e educação também são aquelas que apontam ter sido involuntariamente excluídas do sistema financeiro formal. Entre os obstáculos apontados, estão o preço alto das contas, a distância física dos serviços, a falta de documentação necessária e a falta de confiança nos bancos.
Na América Latina e no Caribe, as fontes mais comuns de empréstimos são a família, conhecidos ou amigos (16%). Apenas 9% da população obtêm empréstimos formais.
Gênero
A pesquisa aponta que as mulheres têm maior probabilidade de ter uma conta corrente e poupança, realizar empréstimos e utilizar cartão de débito e crédito, assim como usar a conta no banco com maior frequência.
No entanto, as mulheres também são mais propensas a recorrer a empréstimos de fontes informais, como parentes e serviços de crédito de lojas, do que os homens.
Além da relação de gênero, a pesquisa ainda mostra que quanto maior a escolaridade e a renda, maior a probabilidade de possuir e usar cartões de crédito e débito./Com informações da Agência Bori