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Achatamento salarial nos serviços

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Por Redação
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Englobando 948,2 mil empresas não financeiras, o setor de serviços ofereceu mais emprego, mas pagou salários menores entre 2000 e 2005, constatou a última Pesquisa Anual de Serviços (PAS) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Dada a importância do setor, que - incluindo bancos, administração pública e ONGs - responde por 64% do Produto Interno Bruto (PIB), a avaliação aponta várias distorções econômicas. A concentração regional continua elevada. A Região Sudeste propiciou 65,7% da receita bruta do setor. Caiu pouco, portanto, em relação aos 68,4% apurados em 2000. A Região Centro-Oeste foi a que mais aumentou a participação (5,9% para 6,8%). Como nos cálculos já estão os efeitos redistributivos de programas sociais, nota-se que as mudanças estruturais são lentas. Continua forte a atração que as regiões mais desenvolvidas exercem sobre trabalhadores e empresas de serviços. Confirmando os dados do Ministério do Trabalho, a maioria das empresas contratou mais mão-de-obra formal. Entre 2004 e 2005, o pessoal ocupado aumentou de 6,93 milhões para 7,58 milhões e o número de empresas, de 871,9 mil para 948,4 mil. A receita real das empresas mostrou aumento de 33,05% em apenas um ano. Já a remuneração média dos trabalhadores, entre 2000 e 2005, caiu do equivalente a 3,9 salários mínimos para 2,9 salários mínimos. Em parte isso se explica pela generosidade da política de reajustes do salário mínimo no período. Houve também queda real do salário médio de 3,81%, em 5 anos, e de 0,5%, entre 2004 e 2005. Em poucos setores houve aumento do salário médio, como nos serviços prestados às famílias (4,18%) e nas atividades imobiliárias e de aluguel de bens móveis e imóveis (10,13%). Mas, neste caso, há uma evidência de que os trabalhadores já se beneficiavam, em 2005, da reativação do mercado de imóveis. O segmento que mais cresceu foi o de telefonia móvel celular, que passou do 6º lugar para o 2º lugar entre 2004 e 2005, pelo critério de faturamento. Apesar do custo elevado, firmou-se o crescimento das ligações por celulares. No geral, o achatamento salarial ajuda a explicar a qualidade insatisfatória dos serviços prestados. No ramo de alimentação, a média salarial é de apenas 1,5 salário mínimo. O avanço qualitativo do setor de serviços dependerá, agora, de melhor educação funcional, abrindo espaço para recuperação salarial.

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