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Ações da Petrobrás sobem 6,7% em 3 dias

Preços, que segundo analistas estavam defasados após capitalização da companhia, dispararam por causa da crise política nos países árabes

Por Kelly Lima
Atualização:

Os reflexos do conflito no Oriente Médio sobre o preço internacional do petróleo levaram a uma variação expressiva na cotação das ações da Petrobrás na Bolsa de Valores de São Paulo. De segunda-feira até ontem, os papéis ordinários (ON, que dão aos acionistas direito a voto) acumularam alta de 6,7%. Para analistas, a tendência é que os títulos permaneçam em alta pelos próximos dias. Ontem, as ações ordinárias da Petrobrás subiram em torno de 5% no pregão da Bovespa e as preferenciais (PN) registravam ganhos na casa dos 3%. O desempenho puxou para cima o Ibovespa, que reflete a evolução das principais ações negociadas na Bolsa. O índice, que chegou a operar negativo, fechou em alta de 0,71%, principalmente graças aos papéis da petroleira. A alta, porém, não deve se sustentar tanto quanto a elevação de companhias estrangeiras. Pelo menos é a aposta dos analistas financeiros que acompanham a estatal. "Acredito que a alta do petróleo seja temporária e pouco sustentada em fundamentos de oferta e demanda. Neste cenário, acredito que a performance das ações (da Petrobrás) não se sustentará, tendo em vista que estão mais caras que a de seus pares internacionais do setor", afirmou Emerson Leite, do Credit Suisse. Na opinião do analista do Banco do Brasil, Nelson Rodrigues de Mattos, as ações da companhia devem acompanhar a alta do petróleo até recuperarem em parte a desvalorização do ano passado. "As ações da Petrobrás estavam um pouco defasadas, depois de sua capitalização. É um momento para ajuste, impulsionado pela alta do barril." Mattos acredita que elevação de preço vai continuar enquanto se mantiver a instabilidade nas áreas de conflito e enquanto não afetar a demanda mundial. Segundo ele, a alta do barril tem impacto também na geração de caixa da companhia O plano de investimentos da Petrobrás prevê o valor a ser captado no mercado, com base na expectativa de geração de caixa baseada num barril a US$ 80. Segundo o analista do BB, a média do valor do barril neste primeiro trimestre ficou em US$ 88,96, o que deve ter impacto positivo no balanço da empresa. Para outro analista de São Paulo, que preferiu não se identificar, a manutenção da política de preços da companhia, de não repassar a alta para o diesel e gasolina, poderá prejudicá-la na cotação das ações. Segundo ele, a companhia não vai lucrar tanto quanto as demais petroleiras. Segundo o Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), a gasolina estava 4% mais barata no mercado doméstico do que no mercado internacional, em 14 de fevereiro, antes da alta do barril de petróleo. Não há cálculo ainda sobre a defasagem atual. Rafael Schectman, do CBIE, acredita que os principais impactos da alta do barril no Brasil serão no querosene de aviação e na nafta, reajustados respectivamente a cada 15 e 30 dias. Além disso, o valor do Brent é considerado referência para pagamento de royalties do setor, mas há uma defasagem de dois meses.

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