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Ações da Vale sobem após mineradora refinanciar dívida tributária

Por FABIOLA GOMES E PRISCILA JORDÃO
Atualização:

As ações da Vale chegaram a subir mais de 3 por cento nesta quinta-feira, com investidores recebendo bem o anúncio de adesão da mineradora ao programa de refinanciamento de dívidas tributárias (Refis) do governo federal, que reduziu pela metade o contencioso tributário relacionado a suas subsidiárias no exterior. A ação preferencial da Vale fechou em alta de 2,70 por cento, a 32,30 reais, enquanto a ordinária avançou 2,80 por cento, a 35,2 reais. O Ibovespa fechou com variação negativa de 0,03 por cento. A decisão da Vale de aderir ao Refis, anunciada na noite de quarta-feira, reduz à metade uma dívida tributária de 45 bilhões de reais cobrada pelo governo federal. A mineradora pagará 5,965 bilhões de reais no fim do mês para a Receita Federal e outros 16,36 bilhões de reais parcelados em 179 meses. Duas agências de classificação de risco fizeram avaliações distintas sobre o impacto do refinanciamento sobre ao rating da mineradora. A Standard & Poor's reduziu a perspectiva de crédito da empresa para negativa, ante estável, por considerar que haverá um aumento das métricas de alavancagem da companhia. A Moody's, por sua vez, avaliou que a adesão ao Refis é positiva para o crédito da mineradora, porque "cristaliza o montante a ser pago e soluciona um evento de risco substancial para a companhia". Os analistas do banco de investimentos BTG Pactual também consideraram positivo o refinanciamento do contencioso fiscal. O banco ressaltou que o valor presente líquido a ser pago --que desconta os pagamentos futuros a uma taxa de juros apropriada-- de 14,4 bilhões de reais apontado pela Vale ficou abaixo da expectativa de 22 bilhões de reais de analistas da casa. "Não esperamos que essa transação afete o pagamento de dividendos ou os investimentos para os próximos anos, já que a companhia tem vendido ativos e fortalecido sua posição de caixa para tal", acrescentaram os analistas do BTG. Na véspera, a Vale informou que o pagamento de dividendos será sustentado pelo lucro acumulado nos últimos exercícios. Analistas do JPMorgan também classificaram a notícia como positiva para a mineradora, afirmando que a decisão acaba com o risco que envolvia o assunto e faz com que o foco se volte para a indústria e os fundamentos da empresa. A Vale mencionou que aguardará decisões futuras do Supremo Tribunal Federal (STF) e Superior Tribunal de Justiça (STJ), e poderá pedir o retorno dos valores pagos à Receita dependendo dos resultados dos julgamentos. AVALIAÇÕES DISTINTAS A agência Moody's considera que as métricas de proteção de dívidas da Vale permanecem sólidas, com a relação dívida líquida/Ebitda em 1,5 vez nos doze meses encerrados em setembro. "Os pagamentos...podem ser acomodados confortavelmente dentro do perfil atual de caixa e liquidez e esperada geração de fluxo de caixa futuro da Vale e não devem exigir incremento de dívida de qualquer quantia significativa", disse a Moody's em relatório. Já a Standard & Poor's disse que revisou para baixo a perspectiva na nota por acreditar que haverá um aumento da alavancagem como resultado da adesão ao programa. "A dívida adicional significa um aumento nas métricas de alavancagem da companhia, mesmo depois de considerados os recém-anunciados desinvestimentos de ativos não estratégicos", escreveu a analista da Standard & Poor's, Rafaela Vitoria. A Vale tem rating em escala global "A-" pela S&P e a perspectiva negativa significa que um rebaixamento da nota da empresa pode ocorrer dentro de 12 a 18 meses se a geração de caixa cair mais que o esperado por piores preços de commodities e maiores investimentos. A Moody's classifica o crédito em moeda estrangeira da Vale em Baa2.

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