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Ações no Brasil se recuperaram da crise do crédito, diz CVM

Diretor da Comissão atribui bom momento vivido pelo mercado de capitais às mudanças na legislação brasileira

Por Alaor Barbosa e da Agência Estado
Atualização:

O diretor da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Durval Soledade, traçou um quadro francamente otimista para o mercado de capitais brasileiro em palestra na Câmara de Comércio Americana. Segundo ele, o mercado teve um "soluço" nos últimos dois meses, com a crise do crédito imobiliário de alto risco nos Estados Unidos, mas os preços das ações no Brasil praticamente recuperaram o patamar anterior à turbulência.   Além disso, a CVM não identificou nenhum movimento de interrupção de pedidos de abertura de capital. "Estamos analisando 40 processos de registros de emissões por oferta pública, dos quais uns 10 a 15 são de empresas abrindo o capital", disse Soledade.   O diretor da CVM atribui o bom momento vivido pelo mercado de capitais às mudanças na legislação brasileira, que inspiraram a confiança do investidor estrangeiro. Ele observou que as empresas brasileiras captaram R$ 46 bilhões por meio da colocação de ações nos primeiros meses do ano, dos quais 65% (R$ 27,1 bilhões) foram comprados pelos investidores estrangeiros.   "Há uns dez anos eram as empresas brasileiras que estavam colocando títulos (ADRs) na Bolsa de Nova York. Agora os lançamentos são feitos no Brasil e os investidores estrangeiros estão demonstrando forte interesse pelos papéis", comparou o diretor da CVM. "Esse interesse tende a crescer quando o País atingir o nível de grau de investimento pelas agências de classificação de risco. Os fundos de pensão norte-americanos só podem investir em países com baixo risco para o investidor", complementou.   Perspectiva   Ele prevê que o mercado de capitais vai registrar novo recorde este ano, em número de empresas abertas. Em 2006, a CVM contabilizou a abertura de 66 empresas e em 2007 (até agosto), já foram registradas 59 companhias abertas. Atualmente a Bovespa tem 566 empresas abertas negociadas em seus pregões, além de outros 101 registros que estão em suspenso.   O diretor da CVM observou que há cinco ou seis anos a Bovespa tinha movimento praticamente igual ao da Bolsa do México, mas atualmente a bolsa brasileira negocia quatro vezes mais que a bolsa mexicana. Segundo ele, a Bovespa responde por 73,38% do movimento financeiro na América Latina, enquanto a do México movimenta 16,93%, a do Chile responde por 5,10%, a da Colômbia por 2,39%, a do Peru por 1,32% e a da Argentina por 0,87%.   Outro sinal de vitalidade do mercado brasileiro é a participação do valor de mercado das empresas brasileiras em relação ao Produto Interno Bruto (PIB). No início de 2003, a totalidade das companhias do País negociadas na Bovespa poderia ser adquirida por pouco mais de R$ 300 bilhões. No final de agosto, o valor de mercado das empresas brasileiras atingiu R$ 2,176 trilhões, o que corresponde a cerca de 90% do PIB. "O desenvolvimento do mercado secundário animou outras empresas a abrirem o capital, já que os preços ficaram mais interessantes para o acionista controlador", explicou.

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