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Professor de Finanças da FGV-SP

Ações pagadoras de dividendos são boa opção

É uma carteira que deve ser pensada no longo prazo

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Por Fábio Gallo
Atualização:

Estou estudando criar minha própria carteira de ações para ter algum rendimento, a renda fixa está rendendo muito pouco. Vale a pena pensar em ações pagadoras de dividendos?

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A estratégia de investir em ações de empresas boas pagadoras de dividendos é uma boa opção. É uma carteira que deve ser pensada no longo prazo, particularmente por aqueles que não estão somente preocupados na valorização das ações, mas estão buscando uma forma de complemento de renda ou mesmo ter como renda principal essa remuneração. As empresas melhores pagadoras de dividendos são as que apresentam lucros consistentes e mais previsíveis. A carteira deve ser bem diversificada. Uma carteira somente com ações tem alto grau de risco, mesmo com ações de empresas que distribuem dividendos constantemente. A diversificação deve ser feita nas classes de ativos para reduzir riscos e atender o investidor em termos de liquidez e periodicidade de rendimentos. Na B3 você pode encontrar o Índice de Dividendos (Idiv), que apresenta o desempenho médio das cotações dos ativos que se destacaram na remuneração dos investidores. Atualmente 34 ações compõem o Idiv. As empresas com maiores participações no índice são Cia. Transmissão Energia Elétrica Paulista, Qualicorp, Itaú Unibanco, Engie Brasil e Banco do Brasil Seguridade. Em 2019, o Idiv subiu mais de 27%, enquanto o Ibovespa avançou acima de 19%.

Um amigo me disse que eu aumentaria meu ganho se alugasse minhas ações. Isso é verdade?

Sim, o aluguel de ações pode gerar ganhos extras e aumentar a rentabilidade da carteira. Funciona como qualquer outra operação de aluguel e pode ser feita com ações (units), ETFs (Exchange Traded Funds) ou BDRs (Brazilian Depositary Receipts), sendo que a Bolsa atua como contraparte central e garante a operação. No acordo de aluguel são estabelecidos remuneração, garantia e prazos. Você deve comunicar sua corretora, distribuidora ou custodiante sobre o interesse em alugar ações. Os tomadores precisam oferecer garantia do empréstimo, em valor suficiente para assegurar a certeza da liquidação de suas operações. A remuneração é estabelecida pelo doador em forma de porcentagem sobre o valor da ação. Por exemplo, você quer alugar 10 mil ações da Petrobrás (PETR3) com valor de R$ 31,60 e estabelece como remuneração a taxa de 2% ao ano; assim, o valor do aluguel será de R$ 6.320 no ano. As taxas podem ser encontradas na página da B3 relativa a empréstimos registrados. O valor do contrato é fixado pelo valor da ação e o preço do aluguel não sofre alteração independentemente de alta ou queda da cotação da ação constante do acordo. Não há custos para o doador. O tomador tem de arcar com a comissão da corretora e a taxa de registro na Bolsa de 0,25% ao ano sobre o valor negociado. Dividendos e juros sobre capital próprio são recebidos pelo doador, as bonificações são repassadas na data de liquidação, mas o direito a voto é exercido pelo tomador, tendo em vista que as ações estão em seu nome. O tomador pode utilizar as ações alugadas para margem de garantia de operações no mercado futuro, cobertura para lançar opções de compra, venda no mercado à vista ou em liquidação de operações do mercado à vista. O risco é baixo para o doador porque a operação é garantida pela Bolsa. Para o tomador o risco de mercado existe, as alterações de preços da ação podem demandar que as garantias sejam atualizadas diariamente. A tributação ocorre na liquidação e segue a tabela da renda fixa.

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