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Acordo com FMI deve estar próximo, justifica economista

Por Agencia Estado
Atualização:

A redução da taxa Selic para 18% poderá provocar novas pressões sobre o câmbio, caso o Brasil não receba novos recursos do Fundo Monetário Internacional (FMI), avaliou hoje o ex-diretor do Banco Central e economista do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec) Carlos Thadeu de Freitas. Ele esperava manutenção da taxa e se surpreendeu com a decisão, assim como a maior parte do mercado. Para o economista, a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) "pode ser um forte sinal" de que um novo acordo com o FMI está em fase avançada de negociações. Segundo Thadeu de Freitas, mesmo que o governo esteja com expectativa de queda da inflação, a redução da Selic só se justifica se houver também uma aposta na estabilidade do câmbio. Sua avaliação é de que, na atual situação turbulenta dos mercados interno e externo o câmbio só ficará estável no Brasil com o ingresso de recursos. "A queda dos juros pode levar à saída de dólares do País e baratear o custo da moeda para os bancos, levando a uma pressão sobre o câmbio", disse. Para o economista, o Copom está ciente desse fato e, se baixou os juros, é porque aguarda novos recursos, única forma de evitar essa pressão. Já para o economista da PUC-RJ Luiz Roberto Cunha, um dos poucos que apostavam na queda da taxa, a decisão do Copom de reduzir a Selic foi "competente" e não tem nenhum viés político. "A questão dos juros básicos hoje é um problema menor porque o nível de atividade está desabando em razão das incertezas", disse. Para Cunha, é natural que no curto prazo ocorra uma pressão sobre o câmbio. "Mas quem ganhar hoje especulando poderá perder amanhã", alertou. Ele elogiou a decisão do Copom, afirmando que "a queda dos juros ocorreu porque o Banco Central olha para a frente, para um projeto mais amplo, não tem uma visão paranóica de curto prazo". Cunha avalia que há uma "série de indicadores técnicos", como a reduzida inflação nos preços de mercado, que possibilitaram a redução dos juros. O vice-diretor do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas, Roberto Fendt, disse que a redução dos juros mostra que o Copom esteve mais atento à desaceleração da economia do que à alta da inflação. "Podemos interpretar positivamente a decisão como a crença do Copom de que a alta dos preços é transitória". Questionado se a decisão pode ter sido política, limitou-se a dizer que "há uma multiplicidade de razões".

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