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Acordo FMI-Argentina apenas reprogramará vencimentos

Por Agencia Estado
Atualização:

O acordo que a Argentina vem costurando com o Fundo Monetário Internacional (FMI), com amplas possibilidades de ser concretizado até 9 de novembro, não implicará recursos novos para socorrer o país da maior crise financeira e econômica de sua história, mas apenas uma reprogramação das amortizações e juros aos organismos multilaterais de financiamento. A informação foi dada à Agência Estado por uma alta fonte do governo argentino. No restante deste ano e no decorrer do próximo, a Argentina precisaria pagar ao FMI, Banco Mundial (Bird) e Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) US$ 15,4 bilhões (ver tabela abaixo). Se o ministro de Economia, Roberto Lavagna, conseguir fechar o acordo, a Argentina teria esses vencimentos reprogramados e ainda receberia de volta pelo menos US$ 3,8 bilhões dos US$ 6,62 bilhões desembolsados para esses organismos entre janeiro e agosto deste ano. Dados recentes do Ministério de Economia mostram que o Bird foi o organismo que mais recebeu (US$ 2,82 bilhões), seguido pelo BID (US$ 2,3 bilhões) e pelo Fundo (US$ 1,40 bilhão). Essa solução para a Argentina, que deu calote aos credores privados e corre ainda risco de fazer o mesmo com os organismos se não chegar a um acordo com o FMI, é a mais factível no momento, pelo menos desde que foram retomadas as conversações com esse organismo multilateral de crédito. Embora seja a menos provável, não está descartada a possibilidade de o FMI liberar US$ 15 bilhões, recursos que fazem parte do megapacote de quase US$ 30 bilhões acertado com o Fundo, o BID, o Bird e o governo espanhol em dezembro de 2000, quando José Luis Machiena ainda era ministro de Economia do então governo Fernando de la Rúa. Desse montante, conhecido na época como guarda-chuva financeiro, a Argentina recebeu apenas US$ 8 bilhões, já que os desembolsos restantes ficaram suspensos por causa da crise política e econômica que piorou ainda mais com o confisco dos depósitos dos argentinos no dia 3 de dezembro. Por isso, o dia 9 de novembro é crucial para a Argentina, já que seria o prazo máximo para pagar o vencimento de US$ 836 milhões que precisam ser honrados com o banco Mundial no dia 15 de outubro. Além disso, até final de novembro, outros US$ 295 milhões também estariam vencendo. Vale lembrar que o governo do presidente Eduardo Duhalde não pagou os US$ 2,85 bilhões vencidos em setembro, dos quais pouco mais da metade foi adiado pelo Fundo até o próximo ano. Ontem, o chefe de gabinete de Duhalde, Alfredo Atanasof, declarou em Buenos Aires que, nas próximas horas, a Argentina estará recebendo uma nova proposta de carta de intenções do Fundo, a qual poderá ser a base para o acordo, que vem sendo discutido pelo secretário de Finanças, Guillermo Nielsen, há mais de duas semanas em Washington. Nielsen estará de volta a Buenos Aires hoje. Período Valor (em US$ milhões) Setembro/2002 2.847,00 Outubro/2002 836,00 Novembro/2002 295,00 Dezembro/2002 790,00 1º trimestre/2003 4.280,00 2º trimestre/2003 2.176,00 3º trimestre/2003 1.857,00 4º trimestre/2003 2.424,00

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