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Acordo garante combustível para Varig somente até segunda-feira

A BR Distribuidora aceitou como moeda de pagamento do querosene uma parte restante de recebíveis de passagens compradas em cartão de crédito

Por Agencia Estado
Atualização:

Depois de uma dura negociação com a BR Distribuidora, a Varig garantiu combustível para continuar operando, mas apenas até segunda-feira. A distribuidora, que havia imposto pagamento à vista pelo querosene de aviação fornecido, aceitou como moeda de pagamento uma parte restante de recebíveis de passagens compradas em cartão de crédito, que a companhia aérea ainda não havia empenhado como garantia aos credores. A situação, porém, se agrava, já que o Trabalhadores do Grupo Varig (TG V), que venceu o leilão de venda da empresa há nove dias, ainda não comprovou que terá dinheiro para concretizar a operação. Segundo fontes próximas à negociação, a Varig já não tem tanta disponibilidade de recebíveis de vendas de passagens e terá de conseguir dinheiro para voltar a pagar à vista pelo combustível. A empresa precisa com urgência de capital de giro para honrar custos operacionais. Nesta sexta-feira, mais de 30 vôos da empresa, que sairiam do Rio de Janeiro, foram cancelados. As negociações para a Varig obter o depósito de US$ 75 milhões prosseguiram nesta sexta-feira num clima tenso, recheado de desentendimentos. O dinheiro evitaria também o arresto de quase metade de sua frota, pedido por empresas de leasing por falta de pagamento do contrato de aluguel das aeronaves. Na ação, que corre na Corte de Nova York, o juiz estendeu até a próxima quarta-feira o prazo para a confirmação do depósito. Apesar do ponto facultativo desta sexta-feira, o juiz da 8ª Vara Empresarial , Luiz Roberto Ayoub, encabeçou em seu gabinete uma reunião que se estendeu por todo o dia, com representantes da Varig. No início da tarde, o reestruturador da companhia, Marcelo Gomes, da consultoria Alvarez & Marsal, chegou a anunciar que o Trabalhadores do Grupo Varig (TGV) e potenciais investidores participavam da reunião. Ele também informou que até o fim do dia poderia haver uma "boa notícia". No entanto, logo após a informação de Gomes, o TGV negou participação no encontro. Situação parecida ocorrera no dia anterior, quando Gomes disse que o depósito poderia ser feito "nas próximas horas". Fontes que acompanham as negociações alegam que o TGV começou a desconfiar de que a falta de sintonia pode ser um sinal de negociações paralelas, sem a participação da organização, a única que fez uma oferta no leilão de venda da Varig. Até agora, o grupo não comprovou dispor de recursos para pagar pela empresa e, dos diversos "possíveis investidores" que tiveram nomes vazados durante a semana, nenhum confirmou um acordo ou, sequer, o interesse no negócio. O juiz Ayoub, responsável pela recuperação judicial da companhia, homologou na semana passada a solitária proposta, com condições. A principal é a comprovação da existência do R$ 1,010 bilhão para a compra. O presidente da estatal portuguesa TAP, o brasileiro Fernando Pinto, está desde segunda-feira no Rio. Ele confirma o interesse pela Varig, mas já deixou claro que dispensa a parceria com o TGV. Procurado nesta sexta-feira pelo Estado por volta das 18h30, Pinto só teve tempo de dizer que não poderia falar, pois estava numa reunião, "no meio da guerra". Um dos potenciais financiadores era a Lan Chile, que abandonou "temporariamente" um possível acordo, diz uma fonte que acompanha as negociações. A empresa aérea chilena, oficialmente, vinha negando qualquer interesse na Varig. Outro investidor que estaria negociando diretamente com a Varig nesta sexta-feira é o ex-presidente da VarigLog, José Carlos Rocha Lima, atual presidente da Syn Logística. Mas o fundo de investimentos Carlyle, que chegou a ser apontado como financiador da Syn, negou que estava na negociação.

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