PUBLICIDADE

Acordo sobre tarifas com EUA será 'mais adiante', diz Araújo

Questões regulatórias e de facilitação de comércio são debatidas com americanos antes de acordo mais amplo

Foto do author Beatriz Bulla
Por Beatriz Bulla
Atualização:

WASHINGTON - Após um dia inteiro de reuniões com representantes dos Estados Unidos da área econômica e investidores, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, afirmou que há disposição entre os dois países de negociar um acordo comercial, mas um eventual debate sobre tarifas de produtos virá “mais adiante”. Neste momento, segundo ele, o foco são questões regulatórias e de facilitação de comércio.

“De um modo geral a redução de tarifas depende de um acordo mais amplo. Está no nosso plano e acho que no deles também ter instrumento para falar de tarifas”, disse Araújo. O governo brasileiro vê o debate sobre tarifas como mais complexo de ser feito, pois deveria ser feito no âmbito do Mercosul. Além disso, diplomatas consideram que ainda é preciso abrir terreno com os americanos com outras frentes que facilitem os negócios entre os dois países.

O ministro se reuniu com representante para o comércio internacional dos Estados Unidose com secretário de comércio americano. Foto: EFE/Pete Marovich

PUBLICIDADE

Araújo afirmou que os americanos têm dúvida sobre se é “melhor negociar como união aduaneira ou como países individuais”.

“Nós queremos algum tipo de acordo onde tenha o Brasil, se for Mercosul, de toda forma será, em parte o Brasil. No momento, continuamos com a regra do Mercosul de negociação em conjunto, mas também uma regra que, dentro do próprio Mercosul se falou que pode ser flexibilizada conforme o caso”, disse Araújo. Segundo ele, isso não está fechado com os EUA.

Um dos acordos pontuais que o Brasil vem tentando tirar do papel – e espera fazer até o final do ano, é uma facilitação para empresas que importam e exportam em larga escala e frequência. Tanto no Brasil como nos EUA, essas empresas são cadastradas para diminuir as burocracias exigidas nas operações de importação e exportação. A ideia é estabelecer o reconhecimento recíproco e reduzir a burocracia.

Os diplomatas têm ressaltado que a boa vontade e entusiasmo entre os governos de Donald Trump e Jair Bolsonaro tem sido confirmado nas reuniões com autoridades do governo americano. “Estamos quebrando o gelo, estamos avançando”, afirmou Araújo.

No início do mês, o Brasil atendeu um pleito dos americanos para reavaliar a cota de importação de etanol imposta pelo Brasil. Segundo Araújo, há “várias coisas” do interesse brasileiro na mesa – como excluir o País das restrições de importação de aço e reabrir o mercado americano para carne bovina in natura. “Tudo isso está na mesa em um espírito construtivo, não necessariamente uma coisa pela outra”, disse o chanceler.

Publicidade

O ministro teve reunião com Robert Lighthizer, representante para o comércio internacional dos Estados Unidos, e com Wilbur Ross, secretário de comércio americano.

No final da tarde, Araújo teve encontro com empresários e investidores americanos. Segundo presentes na reunião, o ministro fez um discurso generalista de otimismo nas relações Brasil – Estados Unidos, sem anúncios ou novidades concretas. Ele foi questionado por representantes de indústria de defesa sobre o que muda com a concessão ao Brasil do status de aliado extra-Otan e sobre o andamento de um tratado sobre bitributação.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.