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Acordos bilaterais são alternativa ao fracasso de Doha

Por Sonia Racy
Atualização:

Com o fracasso da última tentativa de acordo para a Rodada Doha, em Potsdam, criaram-se dois cenários possíveis para as negociações, segundo Lia Valls Pereira, coordenadora de projetos do Ibre/FGV, em artigo na revista Conjuntura Econômica. Continuar negociando com prazo indeterminado ou fazer um acordo, mesmo considerado insatisfatório pelos membros da OMC, apenas para sinalizar o desfecho das negociações. E é isso, ao que parece, que está sendo tentado agora. "A intenção é manter a ?bicicleta? do fórum multilateral da OMC andando a qualquer custo", destaca a economista. No caso, porém, de um fracasso "final" da Rodada Doha, segundo a economista, haverá um claro incentivo aos acordos bilaterais ou regionais. E já existem notícias de que um acordo entre Brasil e EUA estaria sendo considerado pelo governo brasileiro. Só que o sucesso de um acordo deste tipo exigirá que sejam solucionados antigos obstáculos. Vamos lá: 1. Acesso a mercados. Um acordo de livre-comércio com os EUA exigirá total eliminação das tarifas de importações ou, pelo menos, 85% das linhas tarifárias, segundo as regras da OMC. Na área agrícola, a negociação poderá permitir eliminação das tarifas e das cotas de importações. Na área não agrícola, em especial nos setores de maior conteúdo tecnológico, a diferença entre a média tarifária brasileira e a americana supera 10 pontos porcentuais. 2. Liberalização. São dois os pontos cruciais aqui. Primeiro. Um acordo com os EUA exige o consenso dos setores industriais de avançar na liberalização comercial brasileira. Segundo. O formato da negociação: Mercosul ou bilateral. O último acordo de livre-comércio assinado pelo Mercosul, com os países andinos, mostrou a dificuldade de conciliar interesses, expressa na existência de 67 cronogramas de liberalização. A questão principal, segundo Lia Pereira, é que a opção por acordos bilaterais, em especial com os EUA, não pode ser ventilada como a "única alternativa possível" ao fracasso da Rodada Doha. Deve ser apresentada sim como uma estratégia que atende aos interesses do Brasil no cenário mundial. IMPRESSÃO DIGITAL Ao que parece, Jackson Schneider, presidente da Anfavea, não está contente com os números do crescimento interno do setor automotivo. Em vez de comemorar a pujante evolução das vendas - mais 25,7% no semestre -, preocupa-se com o volume das exportações, em queda de 10%. Em todo caso, sua argumentação segue uma certa lógica. "Hoje, os investimentos automotivos são globais, direcionados para países com mercados internos florescentes, custos competitivos e perspectivas no mercado internacional. Para atraí-los, precisamos de uma equação para a nossa competitividade global, interna e externa." NA FRENTE TODO OUVIDOS Em conversa com o presidente Lula, esta semana, o ministro Guido Mantega foi taxativo: não se está pensando em introduzir IOF na entrada ou saída de capitais. O mais impactante para o câmbio, segundo Mantega, é a redução da taxa de juros. O ministro, aliás, começou um novo ciclo de conversas com o setor privado para debater as questões do futuro da economia nacional. Já esteve com Delfim Netto, Paulo Skaf, Manuel Felix Cintra Neto, da BM&F, e com grupos calçadistas e têxteis. BOLSO FURADO Os homens (59%) estão mais endividados que as mulheres (55%), mas são elas que ganham no quesito inadimplência, com 41%, ante 37% do público masculino. Pelo menos é isso que apurou a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor, que a Fecomércio SP divulga na segunda-feira. ENXURRADA As importações de semicondutores subiram 60% no primeiro semestre deste ano em relação aos primeiros seis meses de 2006, segundo dados da Abinee. Somaram US$ 2,7 bilhões. MONTAGEM Romeu Chap Chap foi visto esta semana almoçando no Restaurante Parigi com Marcelo Xandó e Marcio Dreher, da Verax Serviços Financeiros, especializada em investimentos alternativos. Há rumores de que o próximo projeto encabeçado por Chap Chap, após sua saída do Secovi-SP, será em parceria com os dois empresários. NO AR Passageiros que desembarcaram na tarde de quinta-feira, no Aeroporto Santos Dumont, tiveram de esperar quase meia hora dentro do avião. Motivo: o piso do finger novinho, em que estavam encostados, havia cedido. Para permitir a descida dos passageiros foi improvisada uma "ponte", ligando o avião à parte mais firme. BOCÃO Há quem assegure que o Bradesco aprofundou sua tentativa de comprar o BMG. Acontece que só poderá fazê-lo oficialmente daqui a quatro meses, quando vence o contrato operacional e de preferência entre Itaú e BMG. DIGNIDADE Quando o ex-ministro Rubens Ricupero pisou na bola em uma conversa antes de dar entrevista à TV Globo, que acabou indo ao ar, tomou a atitude de pedir desculpas à Nação e se demitiu. Já o assessor da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, preferiu dizer que "isso é uma reação privada que qualquer pessoa de bom senso teria neste momento". CURTAS Ontem, o mercado de ações brasileiro se mostrou mais firme que o da Bolsa de Nova York. O comentário que circulava pelas mesas de operações por aqui era de que a tendência mundial é a de tornar os emergentes um porto seguro, em caso de maior estremecimento do Primeiro Mundo. Será? Não foi apenas no contencioso do algodão que o Brasil ganhou na OMC e não levou. Segundo bem lembra o colunista do Estadão Alberto Tamer, na primeira ação que deu entrada na OMC, do Brasil e da Venezuela, em relação à gasolina americana, aconteceu o mesmo.

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