Publicidade

Acordos reduzem risco de greve dos aeroportuários

Sindicatos do Rio de Janeiro e do Amazonas, ligados à Força Sindical, aceitaram proposta das empresas de reajuste de 6,17%

Por Iuri Dantas , BRASÍLIA , SABRINA VALLE e RIO
Atualização:

As empresas aéreas fecharam ontem um acordo com os sindicatos ligados à Força Sindical que, na prática, reduz as chances de greve nos aeroportos durante o final do ano e isola a Central Única dos Trabalhadores (CUT) nas negociações salariais. Ao mesmo tempo, o governo assegurou que não haverá caos aéreo e aposta que a greve não vai acontecer. Até o início da noite de ontem, os sindicatos do município do Rio de Janeiro e do Estado do Amazonas, que representam empregados que trabalham em terra, firmaram um compromisso com o Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea) aceitando a proposta patronal de reajuste de 6,17%, em linha com a variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). O sindicato de aeroviários de São Paulo ainda ia votar a proposta ontem, mas desde o início descartava uma paralisação das atividades, segundo Uébio José da Silva, presidente da Federação Nacional dos Trabalhadores em Transporte Aéreo, ligado à Força Sindical. A entidade representa cerca de 25 mil do total de 60 mil empregados de companhias aéreas do País, segundo Silva. Também ficou acertado um aumento de 10% para o valor dos pisos salariais, vale-refeição e cesta básica. Por último, foi criado um piso específico para operadores de equipamentos, de R$ 1.000. "Há um clima de diálogo. Não há o menor ambiente para greve em nível nacional nas empresas aéreas. Ainda mais por causa de uma diferença de reajuste tão pequena e às vésperas do Natal", disse Odilon Junqueira, negociador das empresas. Aumento. Segundo Silva, as companhias devem aplicar o reajuste salarial a todos os funcionários do País, sem importar o sindicato a que estão filiados. A decisão enfraquece a CUT e pode sepultar a paralisação. "Isso dificulta fazer a greve, é um pouco decepcionante porque ainda tínhamos dois dias para negociar, mas não me surpreende, vindo da Força Sindical", afirmou Gelson Fochesato, presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas (tripulação). Na segunda-feira, Fochesato e o Sindicato Nacional dos Aeroviários (pessoal de terra) notificaram o Tribunal Superior do Trabalho (TST) que os empregados de aéreas cruzariam os braços a partir das 23 horas de amanhã. Eles queriam 7% de reajuste, que embute aumento real de 0,83%. "Vamos submeter a proposta à assembleia. Por enquanto, a greve está mantida. Só depois da assembleia saberemos", disse a presidente do sindicato dos aeroviários, Selma Balbino. Apagão. Antes mesmo do acordo do Rio e Amazonas ser divulgado, a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, descartou a possibilidade de apagão aéreo no fim do ano. Mesmo se houver greve, o passageiro não sofrerá transtornos, disse a ministra. Ela disse confiar nas previsões do ministro-chefe da Secretaria de Aviação Civil, Wagner Bittencourt, que monitora a situação e mantém contato com as aéreas. "Nós temos conversado com as empresas e acreditamos que elas estão com programas para atender as pessoas nos aeroportos", afirmou ela, após se reunir, no Senado, com o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP). "Acreditamos que não teremos problemas." Para a ministra, ainda há margem para avançar nas negociações entre trabalhadores e empresas aéreas. "Acreditamos que tudo vai se resolver bem." O Ministério Público do Trabalho informou que acompanha o caso e poderá acionar o TST se for necessário. A Secretaria de Aviação Civil disse que, se não houver acordo, tomará as medidas cabíveis para que os passageiros não sejam prejudicados. / COLABOROU ROSA COSTA

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.